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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Penny Jordan. Todos os direitos reservados.

RENDIDA AO DUQUE, N.º 1395 - Julho 2012

Título original: The Reluctant Surrender

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2012

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®, Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-0571-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversión ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

Quando entrou no estacionamento subterrâneo, que o escritório de arquitetura onde trabalhava partilhava com outros negócios do mesmo edifício, Giselle viu um carro a fazer marcha-atrás para sair de um dos cobiçados lugares. Virou rapidamente o volante do seu pequeno carro da empresa, com o cérebro e o corpo concentrados automaticamente em conseguir aquele lugar vazio antes de mais alguém o ver. Quando se preparava para estacionar, apercebeu-se de que um carro desportivo caro, impressionante e impecável, com um homem igualmente impressionante e impecável ao volante, estava parado ao lado do lugar. Sem dúvida, estava à espera que o seu ocupante o deixasse vazio.

Giselle viu o olhar selvagem e frio que o homem lhe lançou, e leu como formava as palavras «Que diabos?» com aquela boca sensualmente cinzelada, quando passou à frente dele com o corpo trémulo e as mãos húmidas de suor, agarradas ao volante.

Não estava a fazer aquilo só porque a arrogância dele a enfurecera. Naquela manhã, recebera uma chamada inesperada a pedir-lhe para chegar mais cedo ao escritório, para estar presente na reunião de sócios. Não podia chegar atrasada. A necessidade venceu a culpa que normalmente teria sentido, devido à sua falta de educação ao volante. Então, ele lançou aquele olhar seguro de si próprio, arrogante e odioso para o corpo dela, deixando bem claro o tipo de homem que era: um predador concentrado exclusivamente nos seus próprios desejos e necessidades.

Giselle disse a si mesma que precisava muito mais do lugar do estacionamento que ele. Devia estar no escritório há quinze minutos. Por outro lado, ele parecia ser o tipo de homem que, normalmente, tinha um motorista para se ocupar de assuntos tão mundanos como estacionar o carro.

Dentro do carro, Giselle trocou os sapatos de conduzir pelos de salto alto. O som de um motor a acelerar furiosamente fez com que suspirasse de alívio. Sem dúvida, o homem fora-se embora a toda a velocidade.

Saul Parenti tirou o carro para deixar passar outros veículos e ficou a olhar com raiva para a ladra que acabara de lhe tirar o lugar no estacionamento.

O facto de a maldade ter sido cometida por uma mulher, acrescentava um insulto à afronta. Pelas veias de Saul corria o sangue de várias gerações de homens poderosos, autoritários, dirigentes absolutistas. E, naquele momento, esse sangue estava a correr a toda a velocidade e fervia. Saul não se teria descrito como um misógino. Gostava de mulheres. Gostava muito. Mas geralmente, gostava de as ter na sua cama e não num lugar de estacionamento pelo qual esperara com uma paciência que ia contra a sua natureza. Não havia mais lugares disponíveis, portanto, estacionou rapidamente num lado, obstruindo a saída de dois veículos, e desligou o motor do carro. Abriu a porta e saiu do banco do condutor.

Giselle só se apercebeu de que ia ser repreendida pelo que fizera, quando saiu do carro. O pequeno trajeto que tinha de percorrer desde o estacionamento até ao elevador que a levava ao escritório, era o tempo que normalmente precisava para pôr a máscara de profissionalismo. Essa máscara dizia que não gostava do interesse masculino que normalmente despertava no trabalho. Por isso, também adotava uma atitude defensiva: as costas direitas, o olhar firme e o queixo erguido, o que indicava que era intocável. Tudo para estar alerta do perigo, mas já era demasiado tarde e viu-se obrigada a dar um passo atrás a meio do caminho, se não queria arriscar-se a encontrar-se com o homem que se interpunha entre ela e a saída.

– Não tão depressa. Quero falar um momento consigo.

Tinha um inglês excelente, algo que, de certo modo, não condizia com o seu aspeto tão moreno.

Muito bem, ela não tencionava falar com ele, certamente. Giselle tentou passar ao lado dele e susteve a respiração com um espanto ultrajado, quando o homem lhe bloqueou o caminho, aproximando-se dela até sentir o seu cheiro profundamente masculino. Era profundo e erótico, enfeitado com algo mais intenso.

– Está a bloquear-me o caminho – disse Giselle, tentando ser distante e fria.

– E a menina ocupou o meu lugar no estacionamento – respondeu ele.

Talvez aquilo fosse verdade, mas não estava disposta a ceder.

– Eu vi-o primeiro. Pertence-me – replicou ela.

Imediatamente, desejou não o ter feito porque o homem se aproximou mais. A sua proximidade paralisou-a por completo.

– As coisas pertencem àqueles que são suficientemente fortes para ter o que desejam e sabem mantê-lo, quer se trate de um lugar de estacionamento... Ou de uma mulher.

E, sem dúvida, ele seria um homem que possuiria uma mulher.

Aquela certeza entrou por baixo da sua armadura de proteção e Giselle começou a sentir-se enjoada, fraca, possuída pela excitação febril que causara aquele confronto verbal. Experimentou o desejo perigoso de continuar a pressioná-lo, de pôr à prova o seu autocontrolo.

Um calafrio atravessou-a. Aquilo era uma loucura. Porque era um homem. «E que homem», viu-se obrigada a reconhecer. Para começar, era a sua altura, pois mediria mais de um metro e oitenta, portanto, apesar dos saltos, viu-se obrigada a inclinar a cabeça para trás para olhar para ele. Apesar de, durante anos, ter trabalhado para não se permitir a sentir-se fisicamente atraída por nenhum homem, aquele estava rodeado de uma aura de sexualidade tão selvagem que Giselle suspeitou que nenhuma mulher poderia ignorá-la. A sua própria vulnerabilidade, inesperada, criou uma reação em cadeia de pânico e fúria no seu interior, que se intensificou ao ver que nem assim conseguia bloquear o efeito que a virilidade dele estava a exercer nela.

Uns pensamentos desconhecidos e, certamente, não desejados, atravessaram a sua mente com tanto vigor que foi incapaz de os ignorar. Pensamentos perigosos, aliados ao facto de ele ser um homem. E não um homem qualquer, mas o equivalente arquitetónico da perfeição. Giselle suspeitou que olhar para ele poderia transformar-se numa compulsão feminina. A camisa com aspeto caro que vestia teria sido, sem dúvida, feita à medida para ele. Não tinha nem um grama de gordura a mais. Parecia que o seu corpo era músculo duro e pele de seda. O que sentiria ao tocar num homem assim? O que sentiria ao desfrutar de um festim de semelhante sensualidade masculina, feita para satisfação dos seus sentidos? Uma rajada de dardos atravessou-lhe o corpo, infetando-o letalmente com a pontada do desejo.

Giselle levou uma mão ao coração, num gesto protetor, para tentar acalmar o seu coração acelerado. Não devia sentir-se assim. Nem agora, nem nunca. Nem com aquele homem, nem com nenhum. Tentou desviar o olhar, quebrar o feitiço que a sua sexualidade estava a projetar nela, mas o seu olhar deslizou pelo rosto dele e ficou preso nele.

Os genes dele não procediam de nenhum antepassado anglo-saxão, tinha a certeza disso. Tinha feições arrogantes, com um pouco de crueldade gravada nelas. O rosto de pele bronzeada era intensamente masculino, inteligente, educado, arrogante e elegante. Nele, destacavam-se as maçãs do rosto altas, o queixo forte e a retidão romana do nariz. Se não fosse pelos inesperados olhos prateados, Giselle teria garantido que a linhagem daquele homem procedia das neblinas escuras do tempo, de uma raça de homens destinados por nascimento e pela sua própria força a afastar todos aqueles que se opusessem à sua vontade.

Um olhar daqueles olhos cinzentos era como o tiro de uma pistola de raio laser contra o seu escudo de gelo. Aquele era um homem com maiúsculas, masculino e poderoso, um homem que acreditava que a sua vontade, os seus desejos e as suas necessidades deviam ser livres para tomar posse de tudo o que quisesse.

O impacto de o enfrentar estava a causar um efeito perigoso em Giselle. Os seus sentidos tinham-se unido de alguma forma, para quebrar o cinto de castidade mental que normalmente os mantinha controlados e estavam a comportar-se como um grupo de adolescentes, carregados de hormonas, muito dispostos a saciar-se no banquete que tinham à frente.

Mas, como é óbvio, ela não tinha nenhuma intenção de permitir que fizessem algo semelhante. E contava com anos de prática para se assegurar de que lhe obedeciam, recordou-se, enquanto lutava para manter o seu ar de desinteresse frio.

Não gostava daquele homem, decidiu. Não gostava dele. Era muito arrogante. E muito masculino. Seria por isso que não gostava? Porque sabia instintivamente que aquele tipo de sexualidade masculina era muito perigoso para ela e que não estava tão protegida como achava que devia estar?

«É óbvio que não», afirmou a si mesma, com decisão.

Saul observou a mulher que tinha à sua frente, com olhar masculino, perito. Era de estatura média, esbelta. Embora a combinação da sobriedade do seu fato preto, que parecia um uniforme, com a simples camisa branca e o facto de a roupa ser barata, e não se ajustar ao corpo, tornassem impossível julgar adequadamente como seria a forma do corpo dela. Tinha cabelo loiro, preso num coque, que revelava a delicada estrutura óssea do rosto, com as maçãs do rosto pronunciadas e a pele luminosa. As pestanas loiras, que brilhavam sob a luz, sugeriam que não usava rímel.

Alguns homens, sem dúvida, pensariam na sua frieza como um desafio sexual e sentiriam curiosidade em saber quanto interesse masculino teriam de aplicar para quebrar aquele gelo, mas ele não era um deles. Gostava que as mulheres fossem subtilmente sedutoras e dispostas, que não fingissem ser donzelas de gelo.

Em qualquer caso, mesmo que fosse o seu tipo, naquele momento, tinha a atenção concentrada na vingança e não na sedução.

– Deixe-me passar – exigiu Giselle, numa tentativa de recordar qual era a realidade da situação.

A sua exigência cortante alimentou a impaciência de Saul. Roubara-lhe o lugar no estacionamento e continuava a discutir, e a recusar-se a admitir que não tinha razão. Toda a sua atitude o levava a desejar pô-la no seu lugar.

Ele não ia mexer-se e ela ia chegar atrasada. Decidida a escapar, Giselle chegou-se rapidamente para um lado, mas o homem agarrou-lhe os braços com hostilidade. Ela sentiu a pressão dele sobre a pele, masculina e estranha, queimando-lhe a roupa e atravessando-a como se estivesse a tocar-lhe na pele nua. Uma sensação de espanto e pânico apoderou-se do seu corpo e cerrou os punhos, sentindo o desejo de lhe bater.

– Solte-me – exigiu, furiosa.

Soltá-la? Não havia nada que desejasse mais. Já lhe tinha causado mais problemas em cinco minutos do que teria permitido que qualquer outra mulher causasse. Olhou para ela intensamente. Tinha o rosto pálido, os olhos brilhantes de fúria e a boca...

Segurando-a com uma mão, soltou-lhe o braço com a outra e levantou-a para lhe retirar o batom da boca com o polegar, como se estivesse a preparar-se para a beijar.

Giselle ficou petrificada, surpreendida com a intimidade daquele gesto, e o momento prolongou-se enquanto os seus olhares ficavam entrelaçados. Incapaz de se mexer, Giselle espantou-se com o calafrio que a percorreu quando o olhar do homem se fixou na sua boca e sentiu o desejo... De o quê? De se apoiar nele?

O ruído repentino de uma buzina fez com que Saul a soltasse e a afastasse. «O que o embargara? E o que teria acontecido se não os tivessem incomodado?», perguntou a si mesmo, enquanto Giselle aproveitava a interrupção para fugir dele.

Para seu alívio, o homem não a seguiu até ao elevador, que por sorte estava vazio. Enquanto subia, a caminho do escritório, com o coração acelerado e a mente num redemoinho, teve de fazer um esforço para não pensar no que acabara de acontecer e concentrar-se no motivo por que todos tinham sido convocados no escritório.

Durante os dois últimos anos, virtualmente, desde que Giselle entrara para o prestigiado escritório de arquitetos, o grupo estivera a trabalhar num projeto ambicioso e caro, para um multimilionário russo, que consistia em transformar a pequena ilha que comprara na costa da Croácia, num complexo de férias de luxo para ricos. A crise económica deixara o projeto em espera, mas ao fim do dia de ontem, tinham recebido a notícia de que a ilha tinha um novo dono, outro multimilionário, um empreendedor de êxito que vira os planos da ilha e queria falar deles.

Aquela notícia alegrara os sócios. Todos os que estivessem relacionados com o projeto, embora fosse a um nível menor, tinham recebido a ordem de estarem presentes na reunião daquela manhã, para o caso de o novo dono da ilha desejar falar de qualquer aspeto dos planos. O ideal seria que aprovasse o projeto estagnado, mas não existia nenhuma garantia. Os arquitetos mais jovens, como Giselle, faziam figas para que assim fosse.

O elevador parou no seu andar. Giselle saiu e dirigiu-se para o gabinete que partilhava com outros arquitetos jovens, todos homens exceto ela e todos decididos a demonstrar, tanto aos sócios como a ela, que eram um melhor investimento para o escritório do que Giselle seria.

– Não aconteceu nada – disse Emma Lewis, a secretária que todos partilhavam, quando Giselle entrou no escritório. – A reunião está uma hora atrasada. Segundo parece, o novo dono vai chegar atrasado.

Giselle deixou escapar um suspiro de alívio e disse:

– Pensei que ia chegar atrasada. Tive de vir no meu carro, porque esta tarde tenho uma reunião numa obra e o trânsito estava terrível.

Emma tinha trinta e quatro anos, e estava casada com um topógrafo que estava a trabalhar num projeto nos Emirados Árabes Unidos. Tratava os arquitetos jovens quase como os seus dois filhos, com carinho maternal e afeto, e fazia o possível para evitar qualquer briga entre eles. Giselle gostava dela e agradecia muito o apoio que Emma lhe dava.

– Onde estão os outros? – perguntou a Emma, antes de gemer. – Não, não me digas... Deixa-me adivinhar. Estão todos na casa de banho dos homens, a pensar em como evitar qualquer culpa que possa surgir e em como reclamar todos os méritos.

Emma deu uma gargalhada.

– Algo parecido, suponho. Vou buscar um café e depois conto-te a última coisa que soube sobre o nosso possível novo cliente.

Giselle assentiu com a cabeça e tentou não tremer por dentro. Se Emma tinha algum defeito, era a sua devoção pelas revistas de mexericos, que expunham a vida dos ricos e famosos. Giselle suspeitava que «a última notícia» era uma informação que, provavelmente, teria saído das páginas dessas revistas.

Cinco minutos mais tarde, enquanto bebia o café e ouvia Emma, soube que não se enganara.

– Nunca teria sabido, se não tivesse tido de levar Timmy ao dentista, porque a revista tinha vários meses e mal podia acreditar quando a abri e encontrei um artigo sobre Saul Parenti. Com esse nome, pensarias que é italiano, não é? Mas não é. Segundo parece, a família dele possui o seu próprio país e o primo é o grão-duque. Situa-se em algum lugar perto da Croácia e é muito pequeno, mas segundo parece, Saul Parenti é fabulosamente rico, por direito próprio, além de ser primo do grão-duque, porque o pai tinha grandes negócios no Médio Oriente.

– Fascinante – viu-se obrigada a responder Giselle.

– Adoro conhecer o passado das pessoas e da sua família, tu não? – replicou a secretária, entusiasmada. – A mãe dele era americana e tinha um alto cargo numa das associações humanitárias mais importantes do mundo. O pai e a mãe morreram num terramoto, na América do Sul, quando ela estava lá a trabalhar.

Giselle assentiu com a cabeça, para indicar que estava a ouvir a história, mas no fundo, o que menos queria era ouvir mexericos. O comentário sobre a morte dos pais de Saul Parenti causara-lhe uma familiar sensação de pânico e um medo defensivo abriu caminho no seu interior.

A porta do gabinete abriu-se, para deixar passar um dos jovens arquitetos, Bill Jeffries. Forte e ingénuo, entrou no escritório com atitude de se sentir muito satisfeito consigo próprio. Bill considerava-se atraente para as mulheres. Tinha-se insinuado a Giselle quando ela começara a trabalhar no escritório.

Como o rejeitara, tratava-a com crescente embirração e hostilidade. Giselle soube perfeitamente o que procurava quando fingiu que tremia e protestou:

– Está frio aqui! Oh, desculpa – disse, fingindo que acabara de a ver. – Não te tinha visto, Giselle.

Ela não disse nada. Estava habituada à malícia de Bill e aos seus comentários. Sabia que provinham do facto de ter rejeitado todas as tentativas de namorico, tanto dele, como do resto dos homens no trabalho. Bill decidira aceitar a sua atitude fria como algo pessoal e ela não tinha nenhuma intenção de lhe dizer que, longe de ser algo pessoal, a sua reserva de gelo era um mecanismo defensivo, que usava contra qualquer homem que mostrasse o mínimo interesse sexual nela. Se Bill e os que eram como ele queriam sentir-se ofendidos porque não recebia de boa vontade os seus cuidados, tudo bem. A verdade era que jurara há muito tempo que nunca sairia com nenhum homem, porque isso a levaria a apaixonar-se, apaixonar-se levava a compromisso, o compromisso levava a transformar-se num casal, daí a ter filhos...

– Bill, estava a contar a Giselle o que li sobre Saul Parenti – Emma quebrou o silêncio hostil. – Giselle, ainda não te contei tudo. Segundo parece, é fabulosamente rico e tem fama de ser um negociador duro no que se refere aos negócios e aos interesses românticos. Diz-se que é um amante maravilhoso, mas afirmou publicamente que não tenciona casar.

– Ouve, princesa de gelo – troçou Bill, olhando para Giselle. – Parece que o nosso novo cliente é o homem que te fará aquecer – deu uma risada desagradável. – Na verdade, não teria nenhuma inveja. Tanto gelo, esfriaria qualquer homem.

– Bill! – protestou Emma.

– Bom, é a verdade – insistiu.

– Não faz mal, Emma – assegurou Giselle à assistente. – Dedico-me profissionalmente à arquitetura, Bill – afirmou, com calma. – Não à prostituição.

– Isso se conseguires conservar o teu emprego. E, sejamos sinceros, não vais conseguir nada com os teus encantos femininos – replicou.

– Não preciso de usar nenhum encanto, nem feminino nem de outro tipo, para conservar o meu emprego – declarou Giselle, sem conseguir conter-se, fazendo com que Bill corasse, furioso.

Bill era um daqueles empregados que gostavam de fingir ser um trabalhador de equipa, à frente daqueles que pensava que poderia impressionar mas, na verdade, era uma pessoa que defendia sempre os seus interesses. Gostava de se aproveitar do facto de serem só homens no gabinete para excluir Giselle, mas ela nunca vira nenhuma prova do trabalhador de equipa que se gabava de ser.