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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Leanne Banks

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Prazer imprevisto, n.º 2213 - janeiro 2017

Título original: Bedded by the Billionaire

Publicado originalmente por Silhouette® Books

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9413-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Por aquilo que percebi, está à espera de um filho do meu irmão.

Por instinto, Lilli McCall levou uma mão ao abdómen. Começava a arrepender-se de ter deixado entrar no seu apartamento Maximiliam DeLuca e o homem que o acompanhava. Mas não era a primeira visita que recebia desde a trágica morte de Tony DeLuca um par de semanas antes. Não, desde então tinha tido várias visitas inesperadas e todas elas desagradáveis.

A parecença familiar era evidente: a pele morena, os olhos escuros, uma estrutura óssea similar. Mas aquele homem não era tão bonito como Tony, que era todo encanto e sorrisos… e mentiras. Não, Maximiliam DeLuca tinha uns rasgos tão duros que pareciam esculpidos. E não parecia um homem que sorrisse frequentemente.

Tony tinha-lhe falado frequentemente do seu irmão, queixando-se porque, segundo ele, era cruel inclusive com a família. Chamava-lhe «o homem de ferro».

E ela, que se tinha afastado de Tony por boas razões, não queria saber nada de outro DeLuca.

– Senhora McCall?

Lilli assentiu com a cabeça, tentando não se sentir intimidada por aquele homem tão alto.

– Sim, começámos a sair juntos depois da morte da minha mãe, mas as coisas não nos correram bem.

– Não faz falta que me dê detalhes. Como sabe, o meu irmão morreu num acidente de carro sem deixar testamento e…

– Eu não espero nada do Tony.

– Ah, não?

– Não. Portou-se muito bem comigo quando a minha mãe morreu, mas depois apercebi-me que não havia sítio para mim no seu mundo.

– Porquê?

– Porque… – Lilli vacilou, entristecida ao lembrar-se da noite em que cortou com ele para sempre. – Tínhamos valores diferentes. Eu queria que a criança crescesse de outra maneira.

– Então tomou a decisão um pouco tarde, não?

– Sim, claro. Mas posso centrar-me na criança ou nos meus próprios fracassos. E centrar-me nos meus fracassos não ajudaria nada. E como eu não esperava nada do Tony, o senhor não tem razão para…

– Aí é onde não estamos de acordo – interrompeu-a ele, voltando-se para o homem que o acompanhava. – Jim, dás-me os papéis? Senhora McCall, apresento-lhe o Jim Gregory. Suponho que o reconhecerá porque ele tocou à sua porta duas ou três vezes esta semana.

Lilli reconheceu-o imediatamente.

– Peço-lhe desculpas. Vivo sozinha e não costumo abrir a porta a pessoas que não conheço.

– Compreendo – assentiu ele. E Lilli pareceu ver um brilho de compaixão nos seus olhos. – Aqui estão, Max – disse imediatamente, tirando uns papéis de uma pasta.

– É um simples documento. Em troca de um milhão de dólares agora mesmo e outro milhão quando a criança fizer vinte e cinco anos, aceita recusar qualquer direito sobre a herança do meu irmão. Em caso de falecimento… ou se não educar a criança como é devido, aceita conceder a custódia a uma pessoa responsável que eu mesmo escolheria.

Lilli ficou boquiaberta.

– Como?

– Está tudo aí – insistiu Max. – Se tiver alguma pergunta…

Tremendo de raiva, Lilli deu um passo atrás.

– Está louco?

– Eu devia ter imaginado – suspirou Max. – Tinha-te dito que queria mais dinheiro.

– Não ouviu o que eu disse? Eu não esperava nada do Tony e é óbvio que não espero nada de si. E se acha que vou deixar que outra pessoa crie o meu filho, é porque não sabe com quem é que está a falar.

– Essa cláusula existe para proteger o seu filho em caso de falecimento ou no caso de ter… costumes perigosos. – Max pousou os papéis sobre a mesa. – Pense nisso. Estou disposto a negociar a quantidade… dentro do razoável.

Lilli agarrou nos papéis e pô-los na sua mão, furiosa.

– Eu disse que não quero saber de nada.

– O drama é desnecessário, senhora McCall. Custa muito criar um filho e não será fácil fazê-lo sozinha. Pense nas necessidades da criança. Quer mesmo recusar dinheiro que lhe seria de grande utilidade?

– O que quero é que saiam daqui já – gritou ela.

– Muito bem. Mantemo-nos em contacto.

Mal os dois homens saíram do seu apartamento, Lilli fechou o trinco. Humilhada e insultada, voltou à sala e começou a passear de um lado para outro. Quem é que ele achava que era, indo à sua casa para falar-lhe naquele tom?

Claro que havia algumas coisas que não a faziam ficar muito bem, por exemplo, ter mantido uma relação com Tony e o facto de que estivesse grávida. Mas todo o mundo cometia erros na vida. A solução era assumi-los e fazer o possível por sobreviver com o que se tinha.

Embora ela não tivesse querido ficar grávida, estava decidida a ser a melhor mãe possível para o seu filho. Apesar do medo e da insegurança, desde o momento que soube que esperava um filho tinha-se sentido menos só.

Lilli entrou no quarto que tinha destinado para a criança e respirou profundamente, tentando animar-se. Além de dar uma pintura às paredes, tinha comprado um lindíssimo berço de madeira de cerejeira… sobre o qual já tinha colocado um brinquedo musical com borboletas às cores. E com o próximo salário pensava comprar lençóis e mantinhas azuis.

Levando de novo a mão ao abdómen, pensou em Max DeLuca. Nunca tinha conhecido um homem como ele. Arrogante, insultante, grosseiro… Mas não podia negar que, em circunstâncias diferentes, ter-se-ia sentido fascinada por ele.

Claro que também a fascinavam os leões e jamais lhe tinha passado pela cabeça meter-se numa jaula com eles.

 

 

– Parece que correu tudo muito bem – disse Jim, irónico, enquanto ia com Max para o Ferrari preto.

Soltando o nó da gravata, Max abriu a porta do carro e colocou-se ao volante. Gostava de conduzir. Dava-lhe a sensação de ter as coisas controladas.

– Raios partam o Tony – murmurou. – Ia ter um filho, meu Deus. Nem sequer pensou em fazer testamento.

– Estás há muito tempo a tentar solucionar os problemas que o teu irmão arranjava – suspirou Jim. – Só por curiosidade… tinhas que ser tão antipático com aquela rapariga?

Max conhecia Jim desde que era uma criança e essa era a única razão pela qual ele lhe permitia falar-lhe nesse tom.

– Ela surpreendeu-me – respondeu, pondo outra mudança para entrar na auto-estrada. – Eu esperava uma daquelas bailarinas de Las Vegas…

– Eu já te tinha dito que ela era dentista.

– Sim, mas pensei que era só para esconder a sua verdadeira actividade – Max sacudiu a cabeça–. A verdade é que parece uma rapariga normal. E, apesar da gravidez, nota-se que tem um corpo bem feito. Mas é tão… Reparaste que ela tinha umas chinelas com coelhinhos?

Jim soltou uma gargalhada.

– Como é que não ia reparar?

– Não tinha maquilhagem e o cabelo é louro natural. Não tem nada a ver com o tipo de rapariga de que o meu irmão costumava gostar.

– Pois deve ter sido o seu tipo nalgum momento.

Max sentiu uma pressão no peito. Como se teria encontrado Tony com uma mulher assim? Uma rapariga como ela não podia ser abandonada…

– Sim, teve sorte.

Lilli McCall possuía essa irresistível mistura de doçura e sensualidade que todos os homens desejavam. E era demasiado fácil imaginar como seria sentir aqueles seus lábios por todas as partes…

Max sacudiu a cabeça. Nunca se tinha sentido atraído pelas mulheres com quem saía o seu irmão.

– Ficou muito chateada com a minha oferta – disse, sorrindo.

Na verdade, parecia a ponto de lhe arrancar os olhos e aquela reacção tinha-lhe parecido estranhamente atraente. Mas ele sabia que todas as pessoas tinham um preço. Inclusive uma loura de bochechas rosadas, lábios generosos e olhos azuis que explodiam quando estava furiosa.

– Aceitará o dinheiro, tu vais ver. Mais tarde ou mais cedo vai aceitar.

Além de lutar contra os erros profissionais e pessoais do seu pai, Max tinha trabalhado sem descanso durante os últimos dez anos para reconstruir o prestígio e o património da família. Depois da fusão dos Hotéis Megalos com a empresa DeLuca, o valor das acções da companhia estava em alta e Max estava decidido a ser o próximo presidente da corporação Megalos-DeLuca.

Nada o iria deter.

E muito menos uma lourinha que, pelas circunstâncias da vida, estava à espera de um filho do seu defunto irmão.

 

 

No dia seguinte, enquanto saía da clínica dental onde trabalhava, Lilli fez um esgar de dor ao estalar os dedos. Timmy Johnson, uma criança de três anos, não conseguia resistir à tentação de lhe morder. Embora usasse sempre luvas de látex, não a protegiam das mordidelas da criança.

Trabalhava até tarde três noites por semana por duas razões: uma, porque ganhava mais dinheiro a trabalhar a partir das cinco e segundo, porque não tinha nada melhor para fazer. Ela não costumava sair à noite. Tinha deixado para trás aquele breve e louco período da sua vida.

Tirando as chaves da mala, dirigiu-se para o seu velho Toyota Corolla. Mas quando ia entrar, dois homens apareceram à frente dela. Deviam ter uns vinte anos e pareciam-se tanto que tinham que ser irmãos.

– Lilli McCall? – perguntou um deles.

O seu rosto era-lhe familiar. Seria um amigo do Tony?

– Por que é que pergunta?

Ela deu um passo atrás, mas os dois homens deram um passo para a frente.

– Porque esperávamos que nos pudesse ajudar.

– Eu? –Lilli aclarou a garganta. – Em que é que vos podia ajudar?

– Estamos aqui por causa do Tony – disse um dos homens. – Deixou umas dívidas por pagar e como sabemos que vocês eram muito amigos… pensámos que nos podia ajudar.

– Eu acabei com o Tony há muito tempo.

– Não antes de ele a ter engravidado – disse o outro. – Essa criança deve valer algo para a família DeLuca. O Tony tem que lhe ter deixado algo.

Lilli começou a tremer.

– Não me deixou nada. Olhe para o meu carro, tem mais de dez anos. Tenho ar de estar a nadar em dinheiro?

Os dois homens olharam um para o outro.

– Se calhar, tenta disfarçar.

– Por favor, deixem-me em paz. Eu não tenho nada.

– Seria mais fácil deixá-la em paz se tivéssemos dinheiro – um dos homens tirou uma cartão do bolso e deu um passo à frente.

Ela queria sair dali a correr, mas os seus pés pareciam estar colados ao chão.

– Telefone-me se encontrar qualquer coisa – disse-lhe, pondo o cartão na sua mão. – Voltaremos a vê-la, caso se esqueça.

Lilli, com o coração acelerado, viu os homens afastarem-se. Durante quanto tempo estariam a persegui-la? E quantos «sócios» do Tony iam aparecer à sua porta?

Se calhar, o melhor seria sair da cidade, pensou enquanto entrava no carro. Mas então perderia o seu trabalho e, além disso, gostava de manter os poucos amigos que tinha feito desde que vivia em Las Vegas. A ideia de ver-se rodeada de estranhos depois de ter a criança assustava-a.

Quando chegou a casa bebeu um copo de leite e vestiu uma t-shirt e uns calções. Depois, e para afogar os seus perturbantes pensamentos, ligou a televisão para ver qualquer coisa que a entretivesse.

Cinco minutos depois a campainha tocou. Suspirando, Lilli levantou-se, esperando que fosse a sua amiga Dee. Mas a luz do corredor estava apagada e, quando pôs o olho no óculo, só conseguiu ver a sombra de um homem alto.

– Vá-se embora! Não tenho dinheiro. O Tony não me deixou nada.

– Senhora McCall…

Lilli reconheceu imediatamente a voz de Maximiliam DeLuca.

– Deixa-me entrar?

– É que… é que eu não estou vestida para receber ninguém.

– Não demoro muito – insistiu ele.

Suspirando, Lilli abriu a porta.

– Acho que eu e o senhor não temos nada que falar…

Max passou a seu lado. Tinha um fato escuro que seguramente custava mais do que o seu carro. Vendo-o outra vez entendeu porque é que Tony estava tão ressentido com o seu irmão mais velho. Max era mais alto, mais largo de ombros e tinha a segurança de doze homens. Lilli suspeitava que era o tipo de pessoa que tomava o controlo de qualquer situação. Mas, apesar dos seus rasgos duros, havia qualquer coisa muito sensual na forma dos seus lábios. E o brilho dos seus olhos deixava claro que não era um homem nada frio.

Não, não havia nada infantil em Max DeLuca. Era um homem e procuraria uma mulher tão segura de si mesma como ele. E tão atraente como ele. Lilli sabia que ela nunca seria essa mulher.

– Porque é que dizia aquilo do Tony e do dinheiro dele?

– Porque desde que o Tony morreu que alguns dos seus… amigos me andam a pedir que pague as suas dívidas.

– Você? Porquê? Tinha alguma coisa a ver com os negócios dele?

–Não, nada. Já lhe disse que tinha deixado de ver o Tony porque me apercebi que não tínhamos os mesmos valores – Lilli lembrou-se daquela terrível noite e fechou os olhos, tentando afastá-la da sua mente. – Só estivemos juntos quatro meses.

– Tempo suficiente para ficar grávida.

Ofendida pelo tom, ela fulminou-o com o olhar.

– Para o caso de não ter prestado atenção nas aulas de Biologia, não é preciso estar quatro meses com um homem para engravidar. Só é preciso uma vez, um erro – Lilli sacudiu a cabeça. – Olhe, eu não lhe pedi para vir a minha casa insultar-me nem oferecer-me dinheiro, nem ameaças de que me vai tirar o filho se não gostar de como eu o educo.

– O seu filho… então é um menino.

– Sim, é um menino.

– Quantos homens lhe vieram pedir dinheiro?