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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 1997 Barbara Joel

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O caminho da felicidade, n.º 264 - novembro 2017

Título original: The Nanny and the Reluctant Rancher

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-627-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Os três ingredientes básicos para a sua escapadela eram: o champanhe, o seu amigo Oliver e um grande chapéu cinzento.

O primeiro era abundante na espaçosa suite do hotel Marriott de Nova Iorque, na qual se estava a celebrar a última actuação de Katrina Delaney, três meses antes de começar a sua tournée mundial. Um pequeno suborno aos empregados, feito pela própria convidada de honra, assegurava que certos copos nunca ficariam vazios.

Com um longo vestido negro, desenhado pela sua mãe, Larisa Delaney, Katrina tentava afastar-se dos ruidosos convidados. Estava muito nervosa, mas não devido à festa e sim pelo que aconteceria quando a mesma terminasse. Nessa noite, precisava de ter as ideias no sítio e, apesar de ter um copo na mão, nem sequer provara o líquido embriagante.

– Katrina, querida, até que enfim que te encontro!

A jovem respirou fundo ao ouvir aquela voz e observou Sydney Joyce a passar por entre os convidados. A jornalista sensacionalista mais parecia um cão de caça e andava constantemente a seguir histórias escandalosas para deleitar os seus seguidores. Até então, Sydney já a envolvera sentimentalmente com Brad Pitt, Keanu Reeves e Richard Gere.

Katrina conhecera Brad e Richard casualmente numa festa de beneficência. E no que se referia a Keanu, encontrara-se com ele numa estreia. O único romance da sua vida, com um professor universitário, tivera um final mais que triste. A vida social de uma famosa violinista não era o que as pessoas imaginavam.

– Katrina, querida – sussurrou Sydney, aproximando-se. – Estás absolutamente radiante, esta noite. Nego-me a sair daqui antes de me dizeres quem é o felizardo.

Katrina suspirou. As palavras de Sydney eram uma ameaça e uma promessa. Ficaria ali como um cão de guarda e não soltaria a sua presa até esta lhe dizer algo.

Perspicaz, Max Straub, o agente de Katrina, aproximou-se. O seu trabalho era a publicidade e cada movimento que os seus clientes faziam, especialmente Katrina, era cuidadosamente orquestrado. No dia seguinte, quando descobrisse o que esta fizera, não ficaria muito contente.

– Que felizardo? – perguntou Max.

Katrina não teve tempo para responder, porque os seus pais reuniram-se a eles nesse preciso instante. Casados há mais de trinta anos na Rússia, Larisa e Nicolai Delaney tinham emigrado para os Estados Unidos um ano antes de Katrina nascer, e adoptado um nome anglo-saxónico. Katrina possuía o mesmo cabelo castanho claro que a sua mãe e, apesar da senhora Delaney ter quase cinquenta e cinco anos, continuava a chamar a atenção de todos quando entrava nalgum lugar. O pai dela era um homem atraente e muito protector, não só com a esposa, mas também com a sua única filha.

– Um homem? – perguntou o pai, sisudo. – Que homem?

– Isso é o que eu estou a tentar descobrir – adiantou Sydney.

– Não sejas ridícula – Larisa sorriu. – A Katrina não tem tempo para isso, não é, filha?

– Claro que não – respondeu Max. – O que me lembra, Katrina, que tens uma entrevista amanhã, às duas horas, na Warner Records, uma às cinco horas com um jornalista do New York Times e outra às seis com um fotógrafo da Classical Weekly. Vou buscar-te ao meio-dia e, durante o almoço, falaremos da agenda para o resto da semana.

A jovem apenas assentiu com a cabeça, pois quando Max começava a falar de horários e de entrevistas, não havia nada a fazer.

– Pensava que amanhã íamos almoçar juntas – disse a mãe de Katrina.

– Ela prometeu-me uma entrevista – adiantou Sydney.

– Amanhã, a Katrina tem que ensaiar – proferiu o pai, com autoridade.

Começaram a discutir sobre o que é que ela deveria fazer no dia seguinte; suspirando, Katrina olhou para o empregado, que fez um gesto com a cabeça e voltou a encher rapidamente os copos de todos aqueles que a rodeavam. Uma mão afastou-a suavemente do grupo.

Oliver. «Graças a Deus», pensou a jovem. O segundo ingrediente acabara de chegar.

– Estás atrasado.

– Desculpa – disse ele, beijando-lhe o rosto. – Esse vestido é muito sexy, Kat. De certeza que não queres fugir comigo em vez de ires ter com um vaqueiro de pernas arqueadas?

Oliver e ela tinham-se conhecido no liceu e frequentaram juntos a universidade. Era o seu melhor amigo e um excelente violoncelista.

– Não vou fugir – sussurrou. – Vou apenas tirar umas férias.

– Katrina, meu amor, ir para um rancho no Texas para cuidar de uma menina de nove anos não é a mesma coisa que tirar umas férias.

Katrina observou Max, que discutia com o seu pai sobre a agenda do dia seguinte.

– Para mim, é – retorquiu seriamente.

– Tu és a Katrina Natalya Delaney, a famosa violinista – insistiu Oliver. – O máximo dos máximos do circuito musical. Aquilo que devias fazer era ir para uma villa em Espanha ou para um chalet na Côte d’Azur.

– Não estou minimamente preocupada com a minha imagem – disse Katrina em voz baixa. – Oliver, tenho vinte e quatro anos e a música foi toda a minha vida até agora. Nunca fiz mais nada, nunca fui sozinha a lado nenhum. Dentro de três meses estarei a actuar pelo mundo inteiro, rodeada de gente e sem um momento para pensar nem sequer para estar sozinha. Se quero fazer isto, tem que ser agora.

– Mas, Katrina, trabalhar num rancho a sério… Porque é que não vais para um daqueles ranchos para turistas? Vestes umas calças de ganga, pões um chapéu e montas a cavalo durante uns dias.

– Não é a mesma coisa – retorquiu ela, com ênfase. – Nunca quiseste fazer algo completamente diferente daquilo que fazes normalmente, algo fora do normal, selvagem, romântico?

– Sim. Nadar nu no Tâmisa.

Ela suspirou.

– Quero ter a experiência de trabalhar num rancho a sério, com cowboys a sério; um mundo completamente diferente do meu, onde ninguém saberá quem eu sou. Assim que vi o anúncio no jornal, tive que responder.

– A culpa é minha – grunhiu o amigo. – Não devia ter-to mostrado. Mas quem é que podia imaginar que ias concorrer a um emprego como ama num rancho?

– Não ia solicitar um lugar como capataz, não achas? – disse ela, cumprimentando Sharon Westphal, uma tímida flautista que estava apaixonada por Oliver. Katrina tentara fazer com que ele saísse com Sharon, mas Oliver dera-lhe todas as desculpas possíveis e imaginárias para não o fazer.

– Tu não sabes nada de crianças – protestou. – Esse tipo, como é que ele se chama? Ele há-de descobrir isso rapidamente.

– Chama-se Logan Kincaid e não descobrirá nada, porque estou perfeitamente qualificada. Sabes que estudei literatura na universidade. E se isso não for suficiente, acho que o facto de ter tido três amas quando era pequena me dá alguma experiência daquilo que são as amas normais.

– Querida, não existe nada de normal em ti – Oliver sorriu.

– Serão apenas dois meses – disse, tentando defender-se. – Acho que não me acontecerá nada de mal.

– Não, claro que não – adiantou ele, bebendo champanhe. – E como é que sabes que esse tal Kincaid não é nenhum velho que tentará seduzir-te no estábulo?

– Devias ter sido escritor em vez de violoncelista, Oliver. Tens uma imaginação extraordinária.

– Estás a criticar o meu talento como violoncelista?

«Pobre Oliver. É demasiado susceptível», pensou Kat.

– Claro que não. És o melhor e sabe-lo bem. E para ficares mais tranquilo, pedi a um amigo meu da polícia um relatório sobre o senhor Kincaid. Tem trinta e quatro anos, é viúvo e não tem antecedentes criminais.

– Mas se os teus pais ou o Max descobrirem que eu sei onde estás, sou um homem morto.

Katrina pegou no braço de Oliver e começou a levá-lo na direcção de Sharon. Ele ficou imediatamente tenso.

– Não precisam de saber onde é que eu estou. Deixei-lhes uma carta a explicar que está na altura de aprender a viver a minha própria vida, para variar. Já deixei que outras pessoas cuidem de mim durante demasiado tempo – adiantou suavemente. – Incluindo tu. Pode ser que seja uma solução cobarde, mas se não fizesse as coisas desta maneira, teríamos uma cena e não quero arriscar-me. Se houver alguma emergência, podes telefonar-me. Conto contigo, Ollie.

Com um suspiro de resignação, Oliver passou-lhe o braço pela cintura.

– A que horas é a fuga?

– À meia-noite. A essa hora já toda a gente se terá ido embora e os meus pais estarão a dormir profundamente, graças ao champanhe. Espero por ti na entrada principal.

– Podes ser vista por alguém.

– Encarregar-me-ei disso – sussurrou-lhe ao ouvido, antes de o deixar com a jovem flautista. – Espero por ti à meia-noite.

Duas horas e vinte e seis minutos mais tarde, Katrina pegou nas suas malas e no seu violino, e seguiu em silêncio pelo corredor fora. Passou ao lado de alguns clientes do hotel no vestíbulo e depois pela frente dos empregados, e do porteiro, e ninguém a reconheceu. Embora alguns dias mais tarde, o porteiro se lembrasse de uma mulher com um enorme chapéu cinzento.

 

 

A mulher estava atrasada.

Vociferando em voz baixa, Logan, de pé perante a varanda do salão, olhava para a infinita paisagem do Texas. Lá fora estava muito calor e um falcão fazia pequenos círculos no ar. As nuvens cinzentas à distância prometiam chuva, mas Logan aprendera a nunca mais confiar numa promessa.

O relógio do seu avô assinalava as onze em ponto e Logan voltou a vociferar. Aquela mulher devia ter chegado uma hora antes.

– Ela não vem, pois não?

– Claro que vem – assegurou ele à sua filha, Anna.

Apesar da menina raramente se queixar, estava nervosa por conhecer a substituta da senhora Lacey durante o Verão. A sua filha era uma menina muito sensível e calada, com uns olhos cinzentos que lhe partiam o coração cada vez que a olhava. Sofrera demasiadas decepções na sua curta vida e Logan deixar-se-ia matar antes que alguém pudesse magoá-la.

– Demora-se quase três horas de Dallas até Harmony – disse, aproximando-se dela e acariciando-lhe o cabelo, – e depois mais outra meia hora da aldeia até aqui. Pode ser que o avião se tenha atrasado, mas ela vai chegar. Não te preocupes, querida.

Não gostava de ter de lhe mentir, mas sabia que se lhe dissesse que o avião aterrara a horas, Anna ficaria ainda mais nervosa. Telefonara para o aeroporto e tinham-lhe dito que o avião até chegara dez minutos adiantado. Talvez ela tivesse decidido não ir. A sua candidatura chegara por fax e Logan interrogara-se porque é que uma mulher nova-iorquina queria ir trabalhar para um rancho. Em condições normais, nem sequer a teria levado em conta, mas tinham-lhe chegado às mãos apenas três candidaturas e a dela era a melhor de todas.

As referências que um tal de Oliver Grant dava sobre a menina Delaney eram as melhores. Licenciara-se em literatura, um estudo muito apropriado para a educação de Anna. Tinha cinquenta e quatro anos, e podia começar a trabalhar de imediato, ao contrário das outras candidatas. A senhora Lacey partira há duas semanas atrás e apesar de Sophia, a criada, ajudar naquilo que podia, só tinha umas quantas horas por dia e era uma péssima cozinheira. Anna quase não comia nada e até ele perdera peso. Apesar do anúncio não dizer que a ama deveria saber cozinhar, esperava que por um pouco mais de dinheiro pudesse solucionar aquele erro. Senão, Anna e ele, morreriam à fome.

Olhou para a filha e, apesar da sua irritação, não conseguiu evitar um sentimento de ternura. Se JoAnn não se tivesse ido embora, Anna teria tido uma mãe e não uma sucessão de amas.

Logan nunca conseguiu entender porque é que uma vida na estrada, a cantar de clube em clube, podia ter sido mais importante para JoAnn que a sua própria filha. Ele não se importava nada com a sua partida. Os dois últimos anos do seu casamento tinham sido um inferno e, na realidade, sentiu-se aliviado. Mas deixar Anna, abandonar a própria filha, era algo que jamais lhe perdoaria.

– Não tens que fazer os deveres que a senhora Lacey te deixou? – perguntou, esperando distraí-la.

– Já os fiz.

– E os exercício de matemática? Sei que tinhas problemas com as divisões e…

– Papá, estamos no Verão. Os outros meninos não são obrigados a fazer deveres no Verão, por- que é que eu tenho que fazer?

Estava a ponto de dizer que ela não era como os outros meninos, mas não o fez. Para Anna, a melhor coisa na vida seria ter uma boa formação e Logan pensava fazer o impossível para que ela não perdesse nenhuma oportunidade. Estava a ponto de lhe dizer aquilo que lhe dissera milhares de vezes sobre o assunto, quando a buzina de um carro o interrompeu.

Aproximou-se da janela e franziu o sobrolho quando viu a carrinha de Punch Williams aproximar-se pela estrada de terra. O que é que estaria o empregado do posto de pasolina de Harmony a fazer ali?

O carro de aluguer da menina Delaney devia ter tido alguma avaria. Logan observou Punch a sair da carrinha e tirar duas malas da parte de trás, mas quando a porta do lado se abriu, ele virou-se para olhar para a filha.

– Estás a ver, querida? Eu disse-te que ela viria.

Mas Anna, tão tímida como sempre, desaparecera.

Quando Logan abriu a porta principal, Punch já ali estava. A sua enorme estatura impedia-o de ver a mulher que estava atrás dele.

– Olá – disse com um sorriso tolo. – Trouxe-te a ama.

– Obrigado – respondeu Logan, inclinando-se para pegar nas malas.

Punch entrou em casa e Logan, ao levantar-se, encontrou-se frente a frente com uma figura feminina, alta, esbelta e com um enorme chapéu cinzento. O estojo do violino que ela levava na mão era aquilo que menos lhe agradava.

Lentamente, ela afastou o chapéu da cara. Quando se encontrou com os seus olhos verdes, a garganta de Logan ficou tão seca como o pó que o carro de Punch levantara ao chegar.

Quem seria aquela mulher?

– Lamento chegar atrasada. O transporte até aqui é muito mais complicado do que eu pensava. Sou a Kat Delaney – disse, estendendo uma mão fina e cuidada.

Logan cumprimentou-a, sentindo como se estivesse a roçar uma suave seda. Os seus dedos longos e finos, e a sua pele, eram a coisa mais suave que jamais sentira.

Kat Delaney? Aquela não podia ser a mulher que ele contratara.

– Você deve ser o senhor Logan Kincaid – disse Kat, incomodada.

– Deve haver um erro qualquer.

– Você não é o senhor Kincaid?

– Não é isso que eu quero dizer – retorquiu, nervoso. – Refiro-me a si.

– A mim? – disse ela, insegura, afastando a mão que ele parecia não querer soltar.

– A senhora que contratei tinha cinquenta e quatro anos – adiantou, com impaciência. – E você não…

– Cinquenta e quatro? – perguntou, arqueando uma sobrancelha. – Tenho vinte e quatro anos, senhor Kincaid. Era isso que o meu fax dizia.

Vinte e quatro? Logan tentou lembrar-se da candidatura dela. O fax chegara um pouco apagado, mas ainda assim, como é que pudera cometer aquele erro? Nunca teria contratado uma mulher tão jovem para cuidar de Anna. A maturidade e experiência eram elementos necessários para cuidar da sua filha. O que é que uma jovem de vinte e quatro anos podia saber sobre crianças?

Olhou-a. Era muito alta, talvez tivesse um metro e setenta e cinco, uns quinze centímetros mais baixa que ele. Não levava maquilhagem, mas as suas longuíssimas e escuras pestanas faziam ressaltar uns grandes olhos verdes. Tinha os pómulos altos e as faces vermelhas, mas imaginou que isso se deveria ao calor.

– Logan – chamou Punch. – Tens cerveja fresca?

– São onze da manhã, Punch – respondeu ele, irritado. – Há chá gelado no frigorífico. Você… quer tomar alguma coisa?

– Mais tarde, obrigada – replicou Kat, tirando o chapéu. – O caminho até aqui foi um pouco acidentado. Preciso de um minuto para recuperar o alento.

«E eu também», pensou Logan observando como ela sacudia os seus longos caracóis castanhos. Ia vestida de branco, uma cor tão pouco prática num rancho do Texas como os saltos altos e a saia curta que levava.

– Logan! – gritou Punch da cozinha. – Vais comer estas tortilhas?

Logan teria advertido qualquer pessoa acerca da cozinha de Sophia, mas não Punch, não quando podia descarregar o seu mau humor em alguém.

– Se quiseres, podes comê-las.

Fechou a porta e virou-se para a mulher que se encontrava à frente dele, com o chapéu numa mão e o estojo do violino na outra. Aquela situação era muito incómoda.

– Menina Delaney…

– Kat.

– Kat, eu…

– Logan, como é que funciona o microondas?

Estava a ponto de matar aquele homem. Não, melhor ainda, dar-lhe-ia o resto da comida que tinha no frigorífico.

– Eu volto já – disse, olhando sisudo para Kat.

A jovem pôde respirar tranquila quando Logan desapareceu. Estava a tremer e o suor escorria-lhe pelas mãos. Já tivera que interpretar diante de milhares de pessoas, mas nunca ficara tão nervosa como naquele momento. O seu treino ensinara-a a esconder o medo, mas nada a preparara para conhecer Logan Kincaid.

A sua altura foi a primeira coisa que a surpreendeu. Ele devia medir mais de um metro e noventa, e tinha uns ombros larguíssimos e uns braços musculosos. Levava uma camisa de ganga vestida, com as mangas enroladas até ao cotovelo e as suas calças gastas colavam-se-lhe às longas e fortes pernas. Tinha o cabelo negro e os olhos mais escuros que vira em toda a sua vida. Quando a olhou, Kat sentiu-se como se fosse de vidro e pudesse partir-se sob aquele olhar tão penetrante.