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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Trish Morey

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amante misteriosa, n.º 893 - Maio 2016

Título original: The Italian Boss’s Secret Child

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicadacom a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estãoregistadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8336-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Que dia! Até ao momento, discutira com dois fornecedores que lhe tinham falhado e tivera uma discussão acalorada com o director de recursos humanos, que parecia pensar que era boa ideia dar a cada empregado um ordenado extra capaz de igualar o produto nacional de muitos países do Terceiro Mundo.

Ainda não eram onze da manhã e já sobrevivera a várias guerras. Era evidente que aquele ia ser um daqueles dias perfeitos.

Damien DeLuca tinha reputação de ser um homem difícil e o empresário mais duro e desumano a sul do Equador. E estava orgulhoso da dita reputação, afinal de contas custara-lhe muito tempo e esforço para a conseguir. Como primeira geração de australianos, filho mais novo de uns pais italianos que tinham abandonado tudo o que tinham para começarem uma nova vida na Austrália há já trinta e cinco anos, Damien trabalhara muito para chegar onde estava. Desde as origens humildes, ajudando no pomar familiar até conseguir uma bolsa de estudo universitária, que aproveitara magnificamente. Sete anos depois, abandonara a faculdade com duas licenciaturas, uma pós-graduação em Gestão de Empresas e uma ampla variedade de ofertas de trabalho por onde escolher.

Aquilo proporcionara-lhe o empurrão de que precisava para, dois anos mais tarde, fundar a sua própria empresa de software destinado ao sector financeiro, com que deixara para trás as mesmas empresas rivais que o tinham tentado contratar como empregado.

Anos mais tarde, absorvera duas dessas empresas e era reconhecido como um inovador da indústria. Agora as outras companhias viam-no como um exemplo digno de imitar. Não era nenhum segredo, não levara a Delucatek ao topo sendo condescendente. Obtivera tudo o que tinha sendo muito duro, esperando muito de si próprio e dos seus empregados.

E fizera-o sozinho. Não tinha tempo para sócios, nem para partilhar o poder. Ele era o chefe, simplesmente. Era assim que dirigia a sua vida, tanto no conselho de administração como no quarto. As mulheres que entravam e saíam da sua vida não demoravam a aperceber-se disso. Embora às vezes alguma pensasse que podia mudá-lo, em seguida apercebia-se de que se enganava. Ele não precisava delas.

Damien DeLuca não precisava de ninguém.

Olhou para o relógio e franziu o sobrolho. Enid Crowley, a sua secretária pessoal, estaria prestes a voltar do almoço com um café para ele. Enquanto isso, o seu director de marketing, Sam Morgan, chegava tarde à reunião em que tinha que lhe apresentar uma proposta para lançar o novo pacote de software da empresa.

Muito tarde!

Damien tirou as pernas de cima da mesa, sem entender como era possível que alguém que precisava da sua aprovação para lançar uma campanha de milhares de dólares, que definira como radicalmente diferente, não se tivesse dignado a aparecer. Tal comportamento não augurava nada de bom para a proposta. E muito menos para Sam.

 

 

Que dia! Aquilo era a última coisa de que precisava naquele momento.

Philly Summers apertou contra o peito a pasta que continha a proposta e fechou os olhos para não derramar as lágrimas que ameaçavam transbordar. Quisesse ou não, o elevador demoraria apenas uns segundos a deixá-la no último andar da Torre DeLuca.

Sam escolhera o melhor dia para ficar doente.

Em circunstâncias normais, Philly teria ficado emocionada por ter sido chamada para apresentar um plano de marketing diante do famoso e temido chefe da Delucatek. Depois de três meses como ajudante de Sam, ficara claro que o director de marketing não tinha problema algum em apropriar-se e beneficiar do trabalho dos outros.

Em circunstâncias normais, teria pensado que era uma sorte ter a oportunidade de apresentar um projecto, cuja prática provinha do que ela mesma sugerira ao seu chefe.

Em circunstâncias normais…

Mas aquelas não eram circunstâncias normais.

Naquele dia tinha coisas mais importantes com que se preocupar do que para onde se dirigia a sua carreira ou de tentar aproveitar as oportunidades que se lhe apresentavam.

Respirou fundo em busca de um pouco de força, mas o oxigénio não conseguia rebater o efeito daquelas palavras que se repetiam várias vezes na sua mente: «Lamento, mas legalmente não podemos ajudá-la. Se fosse casada…».

Se fosse casada! Isso, sim, era uma brincadeira.

Bryce arruinara qualquer possibilidade de o chegar a estar quando a abandonara há uns meses, apenas uma semana antes do casamento. Além disso, se fosse casada, não precisaria dos serviços de uma clínica de fecundação in vitro e poderia engravidar ao estilo tradicional.

Mas não era casada.

Não tinha namorado nem perspectivas de o ter. Não havia possibilidade de conceber um bebé, a não ser que percorresse os bares nocturnos em busca de um garanhão. Mordeu os lábios ao considerar tal opção. Seria capaz de fazer algo do género? Valia a pena chegar a esse extremo para cumprir uma promessa feita a uma moribunda?

Na sua memória, apareceu o rosto da sua mãe, desfigurado pela dor, aquelas feições noutro tempo doces endureceram-se por causa dos males da doença e da angústia de uma perda insuportável. Philly seria capaz de qualquer coisa para suavizar a dor da sua mãe, para lhe dar alguma esperança, mas… como poderia recorrer a uma aventura de uma noite com um desconhecido para cumprir a sua promessa?

– Não! – sussurrou, enquanto um calafrio lhe percorria o corpo e a sua voz retumbava no espaço vazio do elevador. Não havia mais nada a dizer. Talvez estivesse desesperada, mas tal imprudência não seria própria dela. Levantou a mão para secar a lágrima que lhe descia pela face e admitiu que provavelmente não conseguiria cumprir a sua promessa.

Talvez tivesse que aceitar que não poderia dar à sua mãe o neto que desejava mais do que tudo no mundo… o neto de que precisava para voltar a sorrir. Não era justo mas era a realidade.

O botão do piso quarenta e cinco iluminou-se e as portas abriram-se para o hall do andar da direcção. Philly deu um passo em frente, tentando concentrar-se na proposta que tinha que expor. Aquela reunião não tinha que se estender muito, podia defender o projecto em poucos minutos pois, depois de ter escrito quase cada palavra que continha, sabia-o de cor.

Depois voltaria para o seu escritório e pensaria calmamente. Não se podia render agora, que ainda tinha tempo. Segundo o prognóstico da sua mãe, ainda dispunha de três meses para engravidar. Três oportunidades para cumprir a sua promessa. Logo lhe ocorreria algo. Tinha que haver uma solução.

– Sam! Chegas tarde. Entra.

Aquela voz profunda e carregada de impaciência saiu do escritório adjacente para a recepção vazia.

– Sam!

Devia ser ele. Só falara com ele uma vez, quando começara a trabalhar na empresa há três meses, ao atender o telefone de Sam. Fora uma conversa muito breve, pois Sam arrancara-lhe o auscultador das mãos ao perceber com quem estava a falar, mas, nas poucas palavras que lhe dirigira, conseguira perceber o poder e a exigência do homem a que toda a gente chamava o «Número Um».

Esticou a sua discreta camisola de malha, tentando não pensar no comentário que ouvira no café sobre DeLuca impor mais do que o Padrinho.

– Sam!

Philly estremeceu sobressaltada. Quem raios se julgava aquele tipo? Podia ser o seu chefe, e até um génio dos negócios, mas ela não estava com humor para suportar a prepotência de ninguém. Portanto, respirou fundo e empurrou a porta do escritório.

Em seguida viu o corpo a que pertencia aquela voz profunda e forte e ficou paralisada. Aquela figura alta e forte tapava o raio de luz que invadia a divisão, com o qual ficava iluminada como se se pudesse ver a aura que a rodeava.

Philly já sabia o aspecto de DeLuca pois vira-o em muitas fotografias. Conhecia aquele olhar calculista e aquelas sobrancelhas fartas. Tinha um cabelo escuro e uns traços que qualquer estrela de cinema invejaria.

Sim, conhecia o seu aspecto, mas mesmo assim sentiu uma espécie de descarga que lhe percorreu a coluna vertebral. Nenhuma fotografia fazia justiça ao seu verdadeiro aspecto, nenhuma fotografia a preparara para aquele rosto que lhe falava de perigo e emoções. E talvez, só talvez, algo mais…

Capítulo 2

 

– E tu, quem és?

A mulher embelezada com um fato castanho-escuro pareceu erguer-se, tinha a boca aberta como se algo a tivesse surpreendido enquanto olhava para ele na cara. Agarrava a pasta como se se tratasse de um escudo de defesa e, a julgar pelo pequeno tamanho do seu corpo, não lhe fazia mal um pouco de protecção.

– Tu não és Sam! – exclamou ele num tom acusador.

Fechou a boca de repente, e levantou o queixo. Tinha os olhos brilhantes, um brilho que aumentou no momento em que os seus lábios esboçaram um sorriso.

Damien acalmou-se momentaneamente. Já não parecia tão pequena com aquele sorriso. De facto, era bastante bonita. De um modo pouco sofisticado, mas bonita. Decididamente, os óculos de massa e o fato castanho sem forma alguma não a favoreciam.

– Senhor DeLuca – disse, inclinando a cabeça e estendendo-lhe a mão. – Disseram-me que era um génio. É óbvio que é verdade.

O brilho dos seus olhos cor de avelã fê-lo supor que aquilo não era um elogio.

Damien respirou fundo para recuperar o ar que pareciam acabar de lhe arrebatar, enquanto ela continuava a sorrir e a estender-lhe a mão como se não houvesse uma mensagem oculta no que acabava de dizer.

– Sou Philly Summers, do marketing. Prazer em conhecê-lo.

Olhou para aquela mão que o esperava e depois voltou a observar o sorriso fingido do seu rosto e soube que estava a mentir. Tinha tanto prazer em conhecê-lo como ele de ver a menina Rato Castanho no seu escritório. Quem diabo se julgava Sam Morgan para a enviar a ela? Apertou-lhe a mão rapidamente e sentiu raiva ao comprovar que alguém tão minúsculo podia ter uma mão tão firme.

– Onde está Sam? – perguntou-lhe, dando meia volta para voltar à sua confortável poltrona de couro.

Ela hesitou uns segundos, como se não tivesse a certeza de que a tinham convidado para entrar, mas finalmente deu uns passos para a secretária.

– Suponho que deve estar em casa. Tem gripe. Há meia hora quase caiu no escritório dele, portanto foi para casa de táxi.

– E ninguém se lembrou de me informar?

Voltou a inclinar a cabeça e franziu o sobrolho como se pensasse que era uma indelicadeza perguntar-lhe algo do género.

– Pensei que o tinham feito.

– Não fizeram.

Olhou para ele uns segundos, parecia prestes a discutir com ela, mas depois deve ter pensado melhor.

– De qualquer modo, suponho que o que importa é que a apresentação se desenrole como estava previsto. Imagino que deva ter uma agenda muito ocupada e quem sabe quando Sam voltará ao trabalho. Além disso, precisamos da sua aprovação para o projecto hoje mesmo, se quisermos cumprir com os prazos para o lançamento do produto.

E julgava que tomando a iniciativa ia impressioná-lo?

Pois não se enganou, estava impressionado. Tudo o que dizia parecia lógico, então porque se sentia tão ofendido?

Porque lhe deviam ter dito!

Para sua tristeza, assentiu e emitiu uma espécie de resmungo.

– Se tiver ideia de em que consiste o projecto. Não quero perder tempo.

Os músculos do seu rosto ficaram tensos, mas não se moveu de onde estava.

– Farei tudo o que estiver ao meu alcance para não o fazer perder tempo. No entanto, preciso de utilizar o seu computador, se não se importar. Preparei uma apresentação no PowerPoint. Tem aqui a cópia em papel – disse, apontando para a pasta que tinha na mão. – É só para constar nos seus arquivos.

Damien encolheu os ombros e fez-lhe um gesto, permitindo-lhe o acesso ao computador portátil que estava em cima da mesa.

– Força! – incentivou-a sem se afastar um milímetro.

Ela limitou-se a pestanejar. Muito bem. Não estava à espera que lhe facilitasse as coisas depois da insolência com que começara aquela reunião? Se queria utilizar o seu computador, teria que passar por ele.

– Sou todo ouvidos – convidou-a a falar, sorrindo pela primeira vez. Parecia que conseguira dar a volta à menina Rato. Não estranharia se a visse correr para se escapulir para o seu buraco a qualquer momento.

Viu-a respirar fundo e seguiu o movimento da sua garganta e do seu peito, que se levantou mais do que esperara. Claro que com o casaco abotoado até cima, era impossível imaginar o que se escondia debaixo daquele traje.

– Muito bem – disse ela, rodeando a secretária até se colocar ao lado dele. Ela olhou para as pernas dele, que eram uma espécie de barreira que lhe dificultava o acesso ao computador. Todavia, como se se tratasse de um objecto inamovível, inclinou-se sobre elas até conseguir alcançar o teclado. Algo doce e frutado despertou os sentidos de Damien quando ela se aproximou.

Damien orgulhava-se de conhecer os nomes de todos os perfumes importantes e sabia catalogar a personalidade de uma mulher dependendo do seu cheiro. Carmel era uma mulher elegante e bonita que utilizava um clássico, como Chanel Nº 5. Alguém quente e exuberante como Kandy preferia o aroma embriagador do Opium. Enquanto Belinda, bela e delicada, escolhera o Romance.

Mas aquele perfume era novo, não se parecia com nenhum outro que ele conhecesse. Era tentador e pouco sofisticado.

Parecia inocente, mas, pelo que conseguira ver quando se inclinou sobre ele, aquela saia escondia formas de mulher. Ao voltar a endireitar-se, Damien recebeu outra onda da fragrância. Damasco? Cheirava a damasco. Aquilo, sim, era diferente.

 

 

O que pretendia aquele tipo? Não percebia que estava a fazer-lhe um favor? Na próxima vez teria que esperar que Sam se recuperasse da gripe. Decididamente, ela não estava disposta a aturar aquele comportamento precisamente naquele momento.

Agarrou no computador e colocou-o no seu lado da secretária para não ter que continuar a inclinar-se sobre as pernas do chefe. Praticamente conseguia sentir os seus olhos nas suas costas, inspeccionando a sua pele até a fazer arder. Deixava-a nervosa saber que ele estava ali, a menos de um metro dela, a observá-la atentamente.

O facto de ser o seu chefe não fazia diminuir as sensações que estava a sentir naquele instante. Pura sexualidade emanava dele. Nem sequer o modo como se recostava calmamente na sua poltrona podia ocultar o poder que aquele corpo continha. Philly costumava tratar os seus chefes de igual para igual… mas nenhum irradiara tanta sexualidade.

Nenhum a fizera sentir-se tão consciente de que estava com um homem ou de que ela era uma mulher.

Mudou de posição, desconfortável com o caminho que os seus pensamentos tinham seguido e com o formigueiro que lhe percorria o corpo. Decididamente, aquele tipo não lhe estava a facilitar as coisas. Talvez por isso nunca ninguém tivesse descrito Damien DeLuca como uma pessoa fácil.

Impossível, arrogante, génio… Essas eram as palavras que ouvira associadas ao seu nome. Porém, fácil, nunca. Quanto antes acabasse com aquela reunião e pudesse sair dali melhor. Se pelo menos se conseguisse concentrar na apresentação.

A verdade era que ao vê-lo da porta parecera-lhe ver mais alguma coisa nele do que o que ouvira falar, outro ângulo, outra dimensão. Contudo, fora uma alucinação. Agora que o seu rosto saíra das sombras, era apenas outro homem bonito viciado no trabalho, com êxito e sem muita habilidade para lidar com os seus empregados.

Bastou-lhe mover a cabeça um milímetro, para ver a expressão petulante com que a observava, enquanto ela abria o ficheiro da apresentação. Bom, talvez a descrição não fosse justa. Na verdade, era um viciado no trabalho incrivelmente bonito que irradiava testosterona por cada poro da sua pele. Isso, sim, ajustava-se à realidade.

Tinha de admitir que as fotografias que vira dele nos arquivos de marketing não lhe faziam justiça. A primeira coisa que faria ao regressar ao departamento de marketing seria procurar um bom fotógrafo que soubesse tirar partido do material impressionante de que dispunha. Porque, tivesse os defeitos que tivesse, era evidente que aquele tipo tinha uns genes invejáveis. Sem dúvida, com o seu aspecto e o seu quociente intelectual, os seus filhos estavam predestinados a serem bonitos e inteligentes, tal como o seu pai.

Talvez o que ela precisasse fosse de um tipo como ele… Os seus dedos ficaram paralisados sobre o rato e a boca secou-lhe de repente. Por que diabo lhe ocorrera algo do género? Parecia que o seu outro problema começava a afectar-lhe o cérebro. Agora estava a ter fantasias com os seus colegas de trabalho. Ou pelo menos com este. E ter fantasias precisamente com Damien DeLuca não tinha nenhum sentido. Estava completamente fora do seu alcance. E, mesmo que não estivesse, ouvira dizer que era um solteiro sem remédio e, a julgar pelo modo como tratava as pessoas, o tipo de homem de quem seria uma loucura aproximar-se…

– Passa-se alguma coisa?

– Não, não – respondeu, tentando ocultar o rubor do seu rosto que a denunciava. – Já está… aqui está o ficheiro.

Demorou vários segundos a reunir forças para voltar a olhar para ele e começar a apresentação.

 

 

– O que sabes dela?

Sem levantar os olhos do monitor do computador, nem deixar de escrever à velocidade da luz, Enid respondeu com secura:

– Porque deveria saber alguma coisa?

– Porque sabes tudo de todos os trabalhadores desta empresa, Enid.

Continuou sem olhar para ele, mas Damien adivinhou algo parecido com um sorriso nos seus lábios.

– Chama-se Philly, diminutivo de Philadelphia, e vive com a mãe, que é viúva. Tinha um irmão, mas parece que morreu em circunstâncias trágicas.

– Mais alguma coisa? – perguntou Damien, arqueando as sobrancelhas.

– Tem vinte e sete anos, é solteira… e parece que esteve para se casar há um mês, mas aconteceu alguma coisa. Talvez tenha sido abandonada no altar.

Sim, isso encaixava. Tivera a impressão de que, apesar da sua brilhante apresentação, tinha algo contra os homens.