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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Harlequin Books S.A. Todos os direitos reservados.

ADEUS AO PASSADO, N.º 1460 - maio 2013

Título original: The Fearless Maverick

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®, Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2948-0

Editor responsável: Luis Pugni

Imagens de capa:

Casal: KONRADBAK/DREAMSTIME.COM

Cidade: AIYOSHI/DREAMSTIME.COM

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Os Wolfe

 

Uma poderosa dinastia em que os segredos e o escândalo nunca dormem.

 

A dinastia

Oito irmãos muito ricos, mas sem a única coisa que desejam: o amor do seu pai. Uma família destruída pela sede de poder de um homem.

 

O segredo

Perseguidos pelo passado e obrigados a triunfar, os Wolfe espalharam-se por todos os cantos do planeta, mas os segredos acabam sempre por vir à superfície e o escândalo está a começar a acordar.

 

O poder

Os irmãos Wolfe tornaram-se mais fortes do que nunca, mas escondem corações duros como o granito. Diz-se que inclusive a mais negra das almas pode curar-se com o amor puro. No entanto, ainda ninguém sabe se a dinastia conseguirá ressurgir.

Capítulo 1

 

Assim que o carro se despistou, Alex Wolfe soube que a situação era má. Que podia ficar gravemente ferido ou inclusive morrer.

Fizera a primeira curva do circuito de Melbourne a grande velocidade e, quando os pneus deslizaram sobre a água na pista, saiu disparado e embateu contra um muro de pneus empilhados que proporcionava proteção não só aos carros e aos condutores, mas também aos espetadores que se juntavam atrás da barreira de proteção.

Como uma pedra lançada de uma fisga, saiu disparado. Não soube o que aconteceu depois, mas, a julgar pelo impacto forte que o fez andar às voltas, assumiu que outro carro batera contra ele.

Enquanto voava a um metro acima do chão, o tempo pareceu parar enquanto algumas imagens do passado atravessavam a sua mente.

Antecipando-se ao impacto colossal, Alex recriminou-se por ser estúpido. Há três épocas que era o campeão mundial, alguns diziam que era o melhor da História e, no entanto, quebrara a regra de ouro dos pilotos. Deixara que lhe escapasse a concentração. Tinha permitido que a angústia lhe toldasse os sentidos e afetasse o seu desempenho. A notícia que tinha recebido uma hora antes de entrar no carro tinha-o alterado.

Jacob tinha voltado depois de quase vinte anos?

Alex entendeu então porque a sua irmã gémea tinha insistido em contactá-lo há várias semanas. Ficara impressionado ao receber o primeiro e-mail e tinha evitado responder às mensagens de Annabelle precisamente por essa razão. Não podia permitir que aquilo o distraísse.

Alex deixou escapar um suspiro e afastou aqueles pensamentos. Não podia permitir-se nenhuma distração.

Com o sangue a palpitar-lhe nos ouvidos, apertou os dentes e agarrou-se ao volante enquanto aquele míssil de quatrocentos e vinte quilos atravessava o muro de pneus. Um instante depois, parou e a escuridão envolveu-o. A força do impacto exigia que fosse catapultado para a frente, mas os arneses do corpo e do capacete mantiveram-no no interior.

Impulsionado para a frente, Alex sentiu que o ombro direito se deslocava e sangrava, provocando-lhe uma dor que sabia que pioraria. Também sabia que tinha de sair rapidamente dali. Os depósitos de combustível não costumavam partir-se e os fatos ignífugos eram uma invenção maravilhosa, mas nada poderia evitar que um homem ardesse vivo se o carro se incendiasse.

Preso sob o peso dos pneus, Alex lutou contra o desejo incontrolável de tentar sair dali. Os pilotos desorientados costumavam meter-se no caminho dos carros. Mesmo que conseguisse sair dali sozinho, o procedimento aconselhava que as equipas de resgate examinassem os protagonistas de qualquer acidente.

Segurando o braço ferido, Alex soltou o pior palavrão que lhe ocorreu, esquadrinhou a escuridão e gemeu:

– Podemos tentar outra vez? Sei que consigo fazê-lo ainda pior, se me propuser a isso.

Decorreram alguns segundos claustrofóbicos. Alex apertou os dentes e concentrou-se no som dos carros que passavam a toda a velocidade para não pensar na dor crescente do ombro. Em seguida, ouviu um tipo de motor diferente, o dos veículos de socorro. Rodeado do cheiro de gases, dos pneus e do seu próprio suor, Alex deixou escapar um suspiro estremecido. As corridas era um desporto perigoso, mas os grandes riscos associados à alta velocidade também provocavam uma grande emoção e era a única vida que queria viver. Competir não só lhe proporcionava um grande prazer, como também um escape maravilhoso. Deus sabia que havia muito do qual fugir depois de ter crescido na mansão Wolfe.

Os gritos dos socorristas chegaram até ele e voltou ao presente enquanto uma grua entrava em funcionamento. Afastou várias pilhas de pneus e, em seguida, entraram os raios de luz.

Um técnico vestido com um fato-macaco cor de laranja espreitou.

– Estás bem?

– Sobreviverei.

O técnico já tinha tirado o volante e estava a verificar o estado da cabina de segurança do carro.

– Vamos tirar-te num instante. Haverá mais corridas, filho.

Alex apertou os dentes. Era óbvio que haveria.

Umas mãos seguras ajudaram-no a sair. Suportando uma grande dor, Alex levantou-se, consciente dos aplausos dos fãs. Levantou o braço direito para os cumprimentar antes de o deitarem na maca.

Alguns minutos mais tarde, no interior da tenda médica e já sem o capacete e o fato, Alex descansava numa marquesa. Morrissey, o médico da equipa, examinou-lhe o ombro, aplicou pressão e, em seguida, procurou sinais de choque e de outras lesões. Morrissey estava a dar-lhe algo para a dor e também para a inflamação quando apareceu o dono da equipa, Jerry Squires.

Filho de um empresário naval britânico, Jerry tinha perdido um olho em criança e era conhecido pela pala preta que usava. Embora fosse mais conhecido ainda pela sua atitude despreocupada. Com o cabelo grisalho despenteado, Jerry perguntou ao médico, com tom grave:

– O que está pior?

– Necessitará de um exame médico completo: raio-X e ressonância magnética – respondeu Morrissey, apontando para a pasta que segurava. – Tem uma luxação no ombro direito.

Jerry suspirou entredentes.

– É a segunda corrida da temporada. Pelo menos, ainda temos Anthony.

Ao ouvir o nome do segundo piloto da sua equipa, Alex fez um esforço para se endireitar. Ainda não estava fora do jogo.

Mas a dor do ombro foi terrível. Começou a suar, apoiou-se na almofada e conseguiu esboçar o seu sorriso mais calmo, que costumava funcionar com as mulheres.

– Eh, acalma-te, Jerry... Ouviste o médico. Não é nada grave. Não tenho nada partido.

O médico baixou a pasta o suficiente para que Alex visse como arqueava os sobrolhos em gesto de desaprovação.

– Ainda não se sabe.

Jerry apertou os dentes.

– Agradeço o teu positivismo, campeão, mas não é altura para te armares em forte – olhou pela janela e franziu os lábios. – Devíamos ter saído com pneus para a chuva.

Alex estremeceu e não pela dor física. Olhando agora para trás, ele também teria optado por aquele tipo de pneus, é óbvio. Tinha expressado as suas razões à equipa quando os seus adversários estavam a trocá-los. E reiterou-as ao homem que pagava muitos milhões para o ter como primeiro piloto da equipa.

– A chuva tinha parado dez minutos antes de a corrida começar – disse Alex. – A pista estava a secar. Se tivesse conseguido superar as primeiras voltas, iria à frente enquanto todos os outros ficavam presos nas poças.

Jerry voltou a suspirar. Não parecia muito convencido.

– Necessitavas de tração extra para aquele lance. A verdade é que te enganaste.

Alex conteve o desejo natural de discutir. Não se enganara... Mas tinha cometido um erro fatal. Não estava totalmente concentrado no trabalho. Se estivesse, teria feito aquela curva e teria vencido a corrida. Que raios, toda a gente sabia conduzir em seco! Quando se conduzia com água é que brilhava a habilidade, a experiência e o instinto do piloto. E era onde Alex Wolfe costumava triunfar. Trabalhara muito para chegar onde estava. No topo. Muito longe da posição que ocupara no passado, a de um jovem conflituoso, ansioso por fugir da aterradora mansão inglesa que ainda existia em Buckinghamshire.

Mas já deixara aquelas lembranças para trás. Ou assim fora até começar a receber os e-mails.

Enquanto Jerry, Morrissey e mais um punhado de pessoas conversavam um pouco afastados, sem que ele conseguisse ouvi-los, Alex pensou na mensagem da sua irmã. Annabelle dissera-lhe que o município tinha declarado a mansão Wolfe uma estrutura perigosa e que Jacob tinha regressado para devolver à casa e aos jardins o seu antigo esplendor.

Passaram-lhe pela cabeça imagens daqueles corredores centenários e dos móveis, e jurou que podia cheirar o buquê amargo da bebida favorita do seu pai. O véu entre o passado e o presente tornou-se ainda mais fino e ouviu os arrebatamentos alcoólicos do seu pai. Sentiu a chicotada daquele cinto na pele.

Fechou os olhos com força e sentiu repulsa. Sendo o mais velho, Jacob tinha herdado aquele mausoléu. Se lhe tivesse calhado a ele, demoli-lo-ia com todo o gosto. Também houvera bons momentos quando eram crianças. Alex não conseguira evitar sorrir quando Annabelle mencionara no e-mail que Nathaniel, o mais novo da família, ou, pelo menos, dos filhos legítimos, ia casar-se. Annabelle, que era uma fotógrafa de grande talento há muitos anos, ia tirar as fotografias. Alex tinha lido as últimas notícias sobre o seu irmão ator. Quando Nathaniel abandonara o palco na noite da sua estreia teatral provocara um grande escândalo. E, em seguida, recebera o prémio de melhor ator em Los Angeles.

Alex coçou distraidamente o ombro.

O seu irmão mais novo já tinha crescido, era um homem de sucesso e, pelos vistos, estava apaixonado. Isso fê-lo dar-se conta do tempo que passara. De como estavam todos dispersos. Recordava Nathaniel quando não passava de um menino magro que procurava o seu próprio escape fazendo favores aos seus irmãos embora se arriscasse a levar uma ou duas bofetadas do seu pai.

O som das vozes afastou Alex dos seus pensamentos. Parecia que Jerry e Morrissey tinham acabado com os cochichos e estavam prontos para voltar para junto dele.

O médico tirou os óculos e franziu o sobrolho.

– Vou imobilizar-te o ombro. O quanto antes o tratarmos, melhor. E vamos organizar o transporte para te levarmos para o Windsor Private para fazeres exames. E quando tivermos os resultados, falaremos com os especialistas para ver se é necessário operar.

Alex sentiu que lhe acelerava o pulso.

– Espera, espera. Cirurgia?

– É mais provável que recomendem repouso combinado com um plano de fisioterapia. Não é a primeira vez que acontece uma coisa assim. Esse ombro vai necessitar de tempo. Não te enganes.

– Desde que possa participar no prémio da Malásia.

– No fim de semana que vem? – Morrissey dirigiu-se para a sua secretária. – Lamento, mas podes ir esquecendo isso.

Ignorando a nova pontada de dor, Alex apoiou-se no cotovelo esquerdo e soltou uma gargalhada forçada.

– Acho que eu sou a melhor pessoa para decidir se posso conduzir ou não.

– Como decidiste que pneus utilizar na corrida?

Alex olhou de esguelha para Jerry Squires e conteve a resposta. Não serviria de nada dar rédea solta à sua frustração quando o único culpado era ele. Portanto, tinha de baixar a cabeça, embora só por um curto período de tempo e sob as suas condições. Porque uma coisa estava clara, se tinha de perder a próxima corrida, estaria em Shangai para a quarta nem que lhe custasse a vida.

Primeiro, tinha de se livrar da imprensa. Depois de um acidente tão espetacular, surgiriam perguntas sobre os seus ferimentos e sobre como podiam influenciar a sua corrida. Os abutres dos fotógrafos iriam atrás dele para conseguirem a fotografia da temporada, o grande Alex Wolfe a contorcer-se de dor e com o braço inútil ligado. Não permitiria que os paparazzi o pintassem como um inválido digno de compaixão.

A privacidade era portanto uma prioridade. A recuperação seria levada a cabo na sua residência de Sidney. Procuraria uma profissional que compreendesse e valorizasse o código sob o qual se regiam os desportistas de elite. Alguém que fosse excecional no seu trabalho e que, ao mesmo tempo, apreciasse um sorriso coquete ou um convite para jantar. Em troca, proporcionar-lhe-ia os cuidados médicos necessários para o pôr ao volante a tempo da classificação da quarta ronda.

Quando o analgésico começou a fazer efeito e a dor insuportável do ombro se converteu num incómodo, Alex fechou os olhos e deitou-se na marquesa.

Quando lhe fizessem os exames iniciais, poria o seu assistente, Eli Steele, a tratar do caso. Precisava de encontrar a fisioterapeuta adequada para o trabalho. E precisava de a encontrar depressa. Já tinha perdido muitas coisas na sua vida.

Que Deus o ajudasse, mas não ia perder também aquela.

Capítulo 2

 

Enquanto percorria de carro o caminho flanqueado de árvores que conduzia a uma das casas mais impressionantes que vira na sua vida, Libby Henderson soprou para afastar a franja da testa e repetiu mais uma vez que era capaz de fazer aquilo e que não havia razão para estar nervosa.

Recordou, com uma pontada no estômago, que há pouco tempo era uma mulher com muita confiança em si mesma. Nada a assustava, nada a parava. Essa segurança levara-a a um lugar onde se sentia segura, viva e admirada. Duas vezes campeã do mundo de surfe. Havia alturas em que ainda não acreditava que aquela ascensão fabulosa tivesse acabado como acabara.

Desde muito pequena sentira-se atraída pelo surfe. Os seus pais referiam-se sempre a ela como «pequena sereia». Ao princípio, passava cada minuto que tinha livre a nadar, a andar de caiaque ou a aperfeiçoar as suas habilidades sobre a prancha. Nada lhe agradava mais do que a adrenalina de ir além dos seus limites.

Ser campeã do mundo fora a cereja no topo do bolo. Patrocinadores fabulosos, reportagens nas revistas, a possibilidade de treinar gente jovem... Até onde conseguia ver, o horizonte brilhava com possibilidades incríveis. O acidente mudara tudo.

Mas, felizmente, havia uma vida quando se deixava de ser uma desportista de elite famosa, embora uma vida diferente. Depois de superar a pior parte do acidente, concentrara-se completamente nos estudos que deixara anteriormente de lado e tinha conseguido acabar o curso de Fisioterapia na Universidade Bond de Sidney. Estava muito agradecida por o seu trabalho árduo estar a dar resultados, melhores dos que podia ter sonhado.

Quando chegou ao fim do caminho, Libby recordou a chamada inesperada que tinha recebido naquela manhã. Alex Wolfe, o campeão do mundo de corridas de carros, requeria os seus serviços depois de sofrer um acidente no fim de semana. O assistente do senhor Wolfe, um homem chamado Eli Steele, que parecia muito profissional, dissera-lhe que Wolfe e ele tinham avaliado muitos especialistas da sua profissão e tinham decidido que as suas credenciais eram as mais aptas para o problema do ombro do piloto. Libby não conseguira evitar perguntar-se a que credenciais se referiria Eli.

Ela trabalhava quase exclusivamente com desportistas lesionados, mas nunca tinha tratado ninguém de tanto renome. Talvez Alex Wolfe ou o seu assistente estivessem a par da sua antiga vida, pensou Libby, desligando o motor. Teriam investigado o suficiente para averiguar como tinha terminado o último capítulo daquela parte da sua vida?

Abriu a porta do carro. Saiu e observou a casa ultramoderna e magnífica, e os jardins impecáveis que a rodeavam. A mansão de dois andares de Rose Bay ocupava quase um quarteirão. Libby imaginou que tivesse muitos quartos, cada um com a sua própria casa de banho com spa. Uma piscina interior proporcionaria banhos deliciosos no inverno, enquanto uma piscina olímpica exterior, e talvez uma pequena praia artificial, aliviaria os rigores do verão de Sidney.

Alisando o casaco do seu fato bege debruado a preto, Libby levantou a cabeça. Viu um pátio enorme com jasmins amarelos e arbustos em vasos enormes de barro. Fechou os olhos, inspirou o doce aroma da Natureza e deixou escapar um suspiro. Na sua época de desportista, tinha ganhado muito dinheiro, mas nada comparado com aquela demonstração de riqueza. Obviamente, os lucros das linhas de perfumes, roupa e videojogos da marca Alex Wolfe contribuiriam para aquela fortuna. Encanto, dinheiro e o aspeto de uma estrela de cinema. Alex Wolfe tinha tudo.

Uma voz muito sensual com um marcado sotaque britânico atravessou-lhe os pensamentos.

– Estou de acordo. Está um dia maravilhoso. Talvez devêssemos conversar aqui fora.

Um calor agradável surgiu-lhe no ventre e expandiu-se por todo o corpo quando abriu os olhos de repente. Diante dela, naquele pátio tão grande, havia um homem. E que homem!

Alex Wolfe.

Decorreu uma eternidade até o seu cérebro reagir. A verdade era que nunca tivera uma visão como aquela. O homem tinha um sorriso pícaro. Usava o cabelo loiro despenteado com estilo e tinha os ombros largos e viris.

E aqueles ombros, recordou Libby, contendo um gemido, eram a única razão pela qual estava ali.

Tentando decidir que pé devia mexer primeiro, Libby compôs um sorriso profissional e aproximou-se do seu novo cliente. Então, apercebeu-se de que tinha o braço ligado.

– Creio que está à minha espera. Sou Libby Henderson. Estava a admirar a sua casa e os jardins.

Alex observou o terreno enorme e assentiu enquanto uma suave brisa lhe levantava o cabelo loiro-escuro da testa.

– Gosto da Austrália – assegurou. – O tempo é maravilhoso – os seus olhos cinzentos cravaram-se nos dela e inclinou a cabeça. – Apertar-lhe-ia a mão, mas...

– Tem problemas no ombro direito.

– Não é nada grave – disse, afastando-se para a deixar passar.

Libby entrou no hall, que era do tamanho do seu apartamento, e pensou no último comentário que fizera. Se a lesão do senhor Wolfe o levara ao hospital e exigia um tratamento intensivo posterior, estava claro que era grave. O seu trabalho era assegurar-se de lhe devolver todo o tipo de movimentos e força, e era exatamente o que pensava fazer. Os homens como Alex Wolfe tinham pressa em voltar à normalidade. Entendia-o. Infelizmente, às vezes não era possível.

Fazendo um esforço para não ficar embevecida a olhar para a escada e o chão de mármore, Libby virou-se para o seu anfitrião quando ele fechou a porta de quase quatro metros de altura. Conteve um sorriso. Devia ser o dia de folga do mordomo.

– Quer beber alguma coisa, menina Henderson? – perguntou ele, enquanto a guiava através do hall branco.

– Não, muito obrigada – respondeu Libby, incapaz de desviar o olhar do movimento fluido das suas calças pretas.

Captaria alguma peculiaridade no seu modo de andar se fosse ao contrário, se ela fosse à frente e ele atrás? Embora, sem dúvida, um homem que saía com supermodelos e com pelo menos uma princesa não reparasse nela.

– Falaremos no terraço interior – parando à frente de umas portas duplas, abriu uma delas para que Libby entrasse.

Depois de a fechar, o senhor Wolfe dirigiu-se para uns sofás de pele branca. Do outro lado das janelas em forma de arco estava a piscina magnífica que ela tinha imaginado e também um spa sofisticado. A cabana da piscina, que imitava o desenho da casa principal, parecia suficientemente grande para acomodar uma família de quatro pessoas. Atrás da área da piscina havia uma construção enorme que devia ser a garagem. Toda a gente sabia que Alex gostava de carros.

– Por favor, fique à vontade – assinalou-lhe o sofá mais próximo.

Libby recostou-se nas almofadas e juntou os pés. Em lugar de se sentar no sofá em frente, Alex Wolfe sentou-se ao seu lado. Libby ruborizou-se. O magnetismo daquele homem era tangível. A proximidade não podia considerar-se inapropriada, estavam separados por pelo menos um braço de distância, mas ela sentia-se cativada.