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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Linda Lucas Sankpill

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Só amor, n.º 554 - abril 2019

Título original: The Gentrys: Cal

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-016-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Notícia de última hora

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Epílogo

Se gostou deste livro…

 

 

Notícia de última hora: Celebridade local implicada em acidente mortal

 

 

 

 

 

Callan A. Gentry, natural de Gentry Wells, ficou ferido grave após um acidente na semana passada, quando uma carrinha que tentava escapar da esquadra de Fort Worth colidiu lateralmente com a sua carrinha. A esposa de Gentry, Jasmine, morreu devido ao embate. A filha de quatro meses do casal Gentry, Kaydie Ann, saiu ilesa.

Piloto de automóveis mundialmente famoso e galardoado com vários títulos, Gentry herdou parte do rancho familiar há doze anos, depois dos seus pais terem desaparecido no mar e terem sido dados como afogados. Gentry graduou-se no liceu de Gentry Wells e continuou os seus estudos na Universidade do Texas, em Austin.

O estado de Gentry continua a ser grave. O porta-voz do Hospital Metodista Harris, em Fort Worth, recusou-se a confirmar ou negar os rumores de que poderia ficar incapacitado para sempre. As especulações de várias fontes da imprensa desportiva focaram a possibilidade de que Gentry seja obrigado a abandonar os seus planos para regressar ao circuito de competição na próxima temporada.

Capítulo Um

 

 

 

 

 

 

Dois meses depois: rancho Gentry, Texas

 

Não restava qualquer dúvida. Cal Gentry finalmente encontrara alguma coisa que não podia enfrentar. Não sabia o que fazer.

Ao ouvir o choro da sua filha, acobardou-se e perguntou-se porque diabo não pararia ela de chorar. Enquanto segurava a pequena num braço, Cal considerou as opções que tinha. No entanto, com os movimentos restringidos pela canadiana que se via obrigado a usar devido à lesão no seu joelho, estas desintegraram-se rapidamente.

Após fazer uns malabarismos para acomodar a menina, começou a passear a pequena pela sala da cabana onde viviam temporariamente. A maneira de acalmar e menina escapava-lhe mais do que nunca e doía-lhe a cabeça da preocupação que sentia por ela. Era provável que, muito em breve, começasse a nadar nas suas lágrimas.

Rogou pragas ao seu azar. Em primeiro lugar, por ter perdido a baby sitter da menina naquela mesma manhã, visto que a mulher parecia ser a única pessoa capaz de acalmar a rapariga. Em segundo lugar, porque o advogado da família, Ray Adler, mostrara-se muito compreensivo com ele, mas não parecia ser capaz de lhe oferecer uma solução rápida. E Cal precisava de uma solução imediatamente.

De súbito, alguém bateu com força na porta principal. Cal fez um gesto de aborrecimento. Devia ser alguém da família que vinha ver como estavam a passar. Raios… Odiava mostrar-se tão incompetente à frente deles, quase tanto como ir à casa principal do rancho para se confrontar com as tristes lembranças e a sua evidente falta de independência.

Quem tocava fazia-o cada vez com mais insistência, o que fez com que a esperança voltasse a acordar em Cal. E se Ray se tivesse enganado e só tivessem sido precisas umas poucas horas para encontrar uma substituta para a senhora García?

Dirigiu-se à porta com a maior rapidez que a sua perna útil permitia. Quando chegou, demorou um minuto a apoiar a canadiana contra a porta, equilibrar o peso de modo a poder ficar de pé por si só e colocar a menina de forma que não caísse. Então, abriu a porta com grande entusiasmo.

Perante ele estava uma das mulheres mais exóticas e bonitas que vira na sua vida. Cal ficou de boca aberta.

Então, engoliu saliva e quando olhou com mais demora, percebeu que aquela lindíssima mulher com traços mexicanos também parecia muito cansada. Devia ter uns vinte e cinco anos e vestia umas roupas muito gastas e uns sapatos muito sujos, aos quais se colavam o pó e a lama como se tivesse estado a caminhar durante muito tempo.

Apesar do seu aspecto de viajante cansada, era absolutamente espectacular. Tinha olhos cor de chocolate com reflexos dourados, que iluminavam uma perfeita cara oval. A pele, da cor do mel, parecia suave como a seda. Tinha o cabelo preto e brilhante, como a asa de um corvo, apanhado num desalinhado rabo-de-cavalo. Umas suaves madeixas emolduravam-lhe o rosto.

– Senhor, vi que saia fumo da chaminé. Desculpe interromper, mas…

– Graças a Deus que veio! – exclamou ele. – Entre, depressa!

Voltou a pegar na canadiana e afastou-se para lhe permitir a entrada. A jovem hesitou e olhou-o com uma expressão atónita no rosto mas, finalmente, entrou na casa.

Depois de dar uns passos, os seus lindos olhos fixaram-se em Kaydie.

– O que tem a menina?

– O que é que ela tem? Não faço a mínima ideia. Não sei o que ela quer. Não consigo que pare de chorar. Tome, veja lá o que pode fazer.

De súbito, aqueles olhos extraordinários encheram-se de ira.

– Essa não é maneira de tratar um bebé – disse ela, muito aborrecida.

– Eu não tenho culpa – disse Cal enquanto deixava a pequena nos braços da mulher. – Eu não estou preparado para…

Imediatamente a mulher pegou Kaydie nos braços e deu-lhe um suave beijo na testa.

– Meu Deus! – exclamou interrompendo as desculpas de Cal. – Pobrezinha… esta menina está muito quente.

Efectivamente, a Cal também lhe parecera que a menina estava muito quente, mas não tinha a certeza. Só queria que ela parasse de gritar.

– E dar-lhe beijinhos vai fazer com que pare de gritar?

– É que não sabe nada de crianças? – replicou a mulher. – Ao pôr os lábios sobre a testa da menina reparei que estava a ferver de febre. Não sabe fazer mais nada por ela além de se queixar? – espetou, lançando faíscas com o olhar.

– Ei… isso não é justo. Eu não…

– Já ligou ao médico?

– Não. Acabamos de nos mudar para aqui e hoje de manhã estava bem.

– Quantos meses tem? Seis?

– Sim quase, mas…

– Onde está a cozinha? – perguntou ela. Cal apontou para a parte posterior da cabana. – Vamos ver o que podemos fazer – acrescentou, antes de sair apressadamente com a menina nos braços.

Cal ficou junto à porta aberta, olhando-a fixamente. O que estava a acontecer? Aquela mulher, tão estranha quanto espectacular, não estava vestida como as baby sitters que vira até à data. Na verdade, não lhe dissera que era a baby sitter.

De súbito pensou que acabava de entregar a sua filha a uma completa desconhecida. Saiu da cabana para olhar à volta e começou a questionar-se sobre quem seria, na verdade, aquela mulher. Quem a teria levado até ali? Se parava para pensar, não se lembrava de ter ouvido o barulho de nenhum carro.

Naquela manhã entregara as chaves da sua carrinha à senhora García, quando ela pedira para regressar à civilização. Cal pedira-lhe que deixasse o veiculo na estação de autocarros de Gentry Wells. Os médicos não lhe deixavam guiar, mas ele sabia que só tinha de telefonar ao seu irmão mais velho, Cinco, para que ele o levasse onde precisava ou lhe trouxesse algumas provisões.

De facto, não havia nenhum carro estacionado frente à cabana. Olhou em volta e viu que sobre as escadas do alpendre havia uma trouxa que parecia feito de farrapos atados…

Começava a não gostar nada daquilo. Aquela mulher podia ser uma presa em fuga, uma lunática ou qualquer outro personagem indesejável e ele tinha-lhe entregue a sua filha. Que raio estava a acontecer com ele? Tanto o hipnotizara aquele belo rosto da mulher como para perder a cabeça?

Onde estavam as suas referências? Como teria ela chegado até ali? Cal percebeu que nem sequer lhe fizera as perguntas mais básicas como, por exemplo, qual era o seu nome.

Apoiou-se com firmeza na sua canadiana e, cambaleando, foi até à cozinha obter algumas respostas.

 

 

Bella Fernández tentou conter a irritação que sentia pela falta de compreensão que aquele gringo mostrara para com a menina doente.

Dirigira-se àquela cabana para ver se encontrava alguma ajuda e compaixão para si própria. No entanto, ao ver a ignorância e confusão do homem sobre o estado da menina, uma justa indignação apoderou-se dela.

Aquela fora sempre a pior das suas faltas. Nunca soubera manter a boca fechada para guardar as suas opiniões. A razão que a levara até aquela remota cabana dos Estados Unidos tinha a ver, precisamente, com o mesmo.

Pôs a menina com cuidado sobre o balcão da cozinha e tirou-lhe o vestido e a fralda. Murmurando suavemente, examinou-a à procura de qualquer coisa que indicasse que aquilo era mais do que uma simples febre infantil.

A menina não tinha nem convulsões nem lesões na pele. Não parecia desidratada nem tinha os olhos amarelos e também não estava excessivamente letárgica.

– O que está a fazer com a minha filha? – perguntou uma voz nas suas costas.

Sob a dourada luz do sol vespertino que entrava pela janela, Bella reparou pela primeira vez no aspecto que tinha o pai da pequena. Devia ter pouco mais de trinta anos e era esbelto, com os ombros largos. Tinha o cabelo castanho claro, muito curto e com uma pequena franja que lhe caía na testa. Bella sentiu uma violenta onda de desejo que Deus quisesse que nunca tivesse sentido.

Em vez de responder à pergunta rapidamente, continuou a examinar o homem. Notou que ele também a olhava, com uns olhos verde-acinzentados que exerciam uma potente atracção sexual sobre ela. Para completar uma imagem atractiva até à perfeição, uns grossos lábios e uma covinha no queixo suavizavam o que, de outro modo, seria uma mandíbula demasiado severa. O erótico magnetismo que se via nos seus olhos dava-lhe um aspecto despreocupado e jovem. O físico daquele homem misturava um atractivo excitante com uma firme promessa de paixão.

Bella virou-se e concentrou-se novamente em dar atenção à pequena. Sim. Efectivamente, a maior parte das mulheres deviam cair presas pelo feitiço daquele sedutor. Ainda bem que ela não era como a maior parte das mulheres.

Aprendera a primeira lição sobre homens atractivos quando tentara atrair a atenção do charmoso homem que era o seu pai. Quando cresceu, viu-se envolvida com outro sedutor e foi ele quem lhe fez perceber tudo. Se pudesse, preferia estar a centenas de quilómetros de um homem tão atractivo como aquele gringo. No entanto, naquele momento não tinha outra alternativa. Fosse como fosse, não pensava abandonar uma menina doente.

Sem se virar, perguntou-lhe:

– Tem uma lanterna e um termómetro infantil?

– Como? Porquê? – replicou ele aproximando-se para olhar para a menina por cima do ombro de Bella. – O que tem a Kaydie?

– Já lhe disse que está com febre. Estou a tentar perceber porquê e quão grave é – respondeu Bella sem olhá-lo, apesar de sentir o calor do corpo do gringo através da roupa. – Onde está a mãe da menina?

Um longo e prolongado silêncio foi a resposta àquela pergunta. Finalmente, o gringo respondeu.

– A minha mulher, a mãe de Kaydie, morreu num desastre há dois meses. Quem é você? – perguntou a Bella, agarrando-a pelo ombro.

– Sinto muito a sua recente perda, senhor. – respondeu Bella virando a cabeça para lhe responder. – Chamo-me Isabella Maria Martinez Fernández. Importa-se que falemos mais logo? Neste momento o bem-estar da sua filha devia ser a sua principal preocupação.

– E é. De onde é você, Bella? Quem a mandou?

– Ninguém me mandou. Por favor, contar-lhe-ei tudo quando tiver a certeza que a menina está fora de perigo.

– E o que sabe você destas coisas? Tem filhos próprios ou, por acaso, é médica? – quis saber Cal. Sem querer, apertou-lhe mais o ombro.

– No meu país, sou enfermeira licenciada. Finalizei os meus estudos nos Estados Unidos. Por favor, está a magoar-me. Deixe que me ocupe da sua filha. Depois falamos.

Cal soltou o ombro, mas não se afastou dela. Continuou a observar demoradamente a sua filha. Parecia muito preocupado com a situação.

– Tem uma lanterna e um termómetro infantil? – repetiu ela.

– Vi uma lanterna nesta gaveta – respondeu ele enquanto a abria para a inspeccionar e tirar uma pesada lanterna. – Tal vez haja um termómetro nas coisas de Kaydie que estão na sala. Ainda nem tive tempo de desfazer a mala.

Ao ver que Bella obrigava a pequena a abrir a boca, hesitou. Viu que ela com uma mão segurava na cabeça enquanto com a outra focava a garganta com a lanterna.

– Vou buscar o termómetro – disse, depois de um momento. – Acho que as caixas vêm marcadas – acrescentou enquanto agarrava de novo a canadiana e se dispunha a dirigir-se para a porta. – Vai ficar boa?

– Sim. A sua filha vai ficar boa. Parece que a garganta está bem e não parece tão incomodada como quando cheguei, mas temos que lhe tomar a temperatura para ter a certeza, está bem?

O gringo assentiu com a cabeça e saiu da cozinha para ir buscar o termómetro.

– Ai, menina – sussurrou Bella à pequena. – O que estás aqui a fazer com um homem que nem é capaz de tomar conta de si próprio e muito menos pode cuidar de um bebé? Porque não há nenhuma mulher que trate de ti?

A Bella chamara-lhe a atenção a falta de sentimentos que sentira na voz do gringo quando falou da morte da sua esposa. Talvez ainda estivesse tão afectado que preferia não falar para não se ir abaixo. Jurou não voltar a mencionar a mãe da menina, a não ser que ele abordasse o assunto.

– Chamas-te Kaydie, não é? – disse, concentrando toda a sua atenção na pequena. Os olhinhos azuis da menina olhavam-na com a a típica curiosidade dos bebés. – Bom, Kaydie, vamos lá ver o que podemos fazer para te sentires mais confortável.

Depois de abrir a torneira, Bella esperou que a água começasse a ficar morna. Então, com muito cuidado, pôs a menina no lava-loiça, embora não directamente sob a água. Pouco a pouco, foi-lhe molhando a barriguinha e o peito.

– Gostas? – perguntou-lhe, em espanhol.

A menina abriu muito os olhos. Parecia perceber o idioma, embora pudesse ser o tom de voz que Bella havia usado, ou que a pequena se sentisse aliviada ao sentir a água sobre a sua pele quente.

– Está a dar-lhe banho? – perguntou a voz do pai enquanto regressava com dificuldade à cozinha. – Encontrei o termómetro e trouxe também o saco das fraldas.

– Muito bem. Deixe o saco na mesa e venha segurar na Kaydie enquanto eu lhe meço a temperatura.

– Sim, senhora – grunhiu ele enquanto fazia tudo o que lhe pedira.

Bella reconheceu quão chateado ele estava pelo seu tom de voz, mas não se importou. Aquele homem tinha um certo ar, como muitos outros norte-americanos, que dizia que era poderoso e rico e habituado a que as coisas se fizessem à sua maneira. No entanto, naquele momento, precisava da ajuda de Bella e teria de fazer as coisas à maneira dela para a obter.

Secou Kaydie e envolveu-a numa toalha limpa. Deu instruções ao pai para que se sentasse e colocou a pequena no seu regaço. Então, introduziu o termómetro digital no ouvido da pequena para tomar a temperatura.

– O senhor já conhece o meu nome – disse ela. – Importa-se que lhe pergunte o seu?

– Gentry, Cal Gentry.

Bella encolheu os ombros. Era um bonito nome mas nunca o ouvira antes. Cal pronunciara-o como se ela se devesse sentir impressionada. Não estava.

– Bom, Cal. A temperatura da sua filha parece ter descido depois do banho. Este termómetro diz que está com trinta e oito – comentou enquanto voltava a pegar a pequena nos braços. – Há alguma roupa limpa nesse saco que trouxe?

– Acho que sim. Acho que vi alguma roupa, mas não fui eu quem preparou o saco, por isso não tenho a certeza.

Bella pôs a pequena sobre o ombro esquerdo e, com a outra mão, começou a remexer no saco. Encontrou pó de talco, cremes, toalhetes, roupa limpa e uns quantos biberões cheios de sumo e de água. Num bolso encontrou um analgésico para bebés, vitaminas, umas garrafinhas de soro e uns frascos de comida infantil.

Bella teria dado qualquer coisa para ter todos aqueles recursos quando trabalhava com as famílias na fronteira mexicana. Estivera tanto tempo a desenvencilhar-se com aquilo que tinha, que quase nem reconhecia algumas coisas.

– Se não foi o senhor quem preparou este saco, quem foi?

– Suponho que cometi um grave erro. Tinha tanta vontade de começar de novo que contratei a primeira baby sitter que encontrei e que aceitou abandonar Fort Worth. A mulher ainda não tinha aprendido a gostar de Kaydie, só estava há uns dias connosco. Por isso, quando viu bem este lugar à luz do sol, clamou aos céus e disse que esta cabana estava a vir abaixo e que não era segura.

– Foi embora e deixou-o só com a menina? – perguntou Bella, atónita.

– Sim, eu disse-lhe que fosse embora. Não vai acontecer nada a esta cabana. Eu acho que é fantástica. Se conseguir arranjar quem me ajude temporariamente com a menina, acho que vou estar muito bem aqui.

 

 

Uma hora depois, Cal continuava a perguntar-se quem seria aquela mulher tão bela e sensual e qual seria a razão que a levara a aparecer no rancho daquela maneira. Não entendia.

Ela estivera muito ocupada, dando um pouco de medicamento infantil a Kaydie. Depois, vestira a pequena. Estivera demasiado ocupada para responder às suas perguntas, mas parecia saber exactamente o que fazer com uma menina doente, pelo que Cal decidira guardar silêncio e deixá-la fazer.

Espreitou no pequeno quarto que havia ao pé da cozinha. Pensou que aquele seria o quarto da baby sitter, e deixara lá as coisas de Kaydie na noite anterior. Bella estava inclinada sobre o berço, tapando a menina com um cobertor suave. Quando acabou, sentou-se na cama que estava junto ao berço e ficou a olhá-la.

– Está melhor? – sussurrou Cal?

– Sim. A febre desceu – respondeu ela, depois de se pôr de pé e aproximar-se da porta.

Cal deu um passo atrás para deixar que Bella entrasse na cozinha. Quando a jovem fechou a porta, respirou fundo.

– Acho que, talvez, o pai de Kaydie também precise de dormir. Parece muito cansado, senhor. Vi que há uma cama no quarto da menina. É melhor que durma ao lado dela, caso precise de alguma coisa – disse entre bocejos. – Quanto a mim, se me der um copo de água para a viagem e me disser para que lado está a fronteira, vou andando.

– Vai embora?

Não lhe ocorrera essa possibilidade. Na verdade, sentira-se aliviado de pensar que ela ficaria ali toda a noite, caso a pequena precisasse. Além disso, tinham de falar. Queria saber mais sobre ela, falar com ela. Falariam no dia seguinte. Será que não percebia que Kaydie e ele precisavam de ajuda? Mais do que isso, será que ela não sentia a mesma atracção que ele cada vez que a olhava? Havia qualquer coisa… qualquer coisa…

Talvez fosse só desejo, mas parecia qualquer coisa mais profunda, mais fundamental. Cal não pensava deixá-la ir embora até ter a oportunidade de explorar o que estava a acontecer entre eles.

Sentia-se cansado e irritável. Sabia que não era capaz de tratar de Kaydie nessa noite. No dia seguinte, depois de ter descansado bem, tudo pareceria mais fácil e claro.

– Não pode ir embora esta noite. Vai dormir aqui – ordenou. – Vou trazer as suas coisas.