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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2017 Carol Marinelli

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Da inocência ao amor, n.º 1805 - novembro 2019

Título original: The Innocent’s Secret Baby

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-804-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

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Prólogo

 

 

 

 

 

Não era possível.

Uma figura afastada captou a atenção de Raul di Savo enquanto agradecia a todos os que tinham vindo ao enterro da mãe. Ele não se atreveria a ir ali precisamente naquele dia. O sino da pequena igreja siciliana tinha deixado de tocar há já algum tempo, mas ainda lhe ecoava nos ouvidos.

Condoglianze.

Raul fez um esforço para concentrar-se no idoso que tinha à sua frente e não no jovem que estava nos arredores do cemitério.

Grazie.

A maioria nem se tinha aproximado, por causa das circunstâncias da morte de Maria, e porque receavam a ira do pai de Raul. Gino não tinha assistido ao funeral da sua esposa. «Era uma meretriz quando me casei com ela e continuou a sê-lo até morrer». Fora assim que ele lhe tinha comunicado a morte da mãe. Raul, a quem tinham dito que a sua mãe fora vítima de um acidente de automóvel, viajara de Roma para Casta, uma aldeia na costa ocidental de Sicília, mas chegara tarde: ela já tinha morrido. Lenta e dolorosamente, fizera a ligação entre os terríveis acontecimentos que tinham levado à morte de Maria. Agora, cumpria as obrigações familiares e recebia as condolências junto à campa. Efetivamente, davam-lhe as condolências, mas sem dizer muito mais. O que ocorrera nos últimos dias e as conversas críticas que ecoavam pelo vale faziam parecer com que até a frase mais inocente parecesse um gozo.

– Era uma boa… – um amigo de sempre hesitou ao não saber o que dizer. – Era…. Sentiremos muito a falta da Maria.

– Sim, sentiremos – confirmou Raul.

O cheiro a terra recém-mexida desceu-lhe pela garganta e soube que não teria consolo. Esperara demasiado tempo para salvá-la e ela já não estava neste mundo. Estudara muito e com tão bons resultados que ganhara uma bolsa e, como sempre desejara, conseguira sair do vale de Casta ou, como o seu amigo Bastiano lhe chamava, o vale do Inferno. Sempre fora sua intenção levar a mãe para longe do pai.

Chamava-se Maria di Savo. Alguns achavam que era uma mulher desequilibrada. Talvez fosse mais apropriado dizer que era frágil. Maria, profundamente religiosa até ter conhecido o pai dele, chegara a pensar entrar para o convento local, um edifício imponente com vistas para o estreito da Sicília. Chorara muito quando mandaram fechar o convento, por já não ter freiras suficientes, como se a ausência dela tivesse contribuído para esse declínio.

O edifício estava há muito tempo abandonado, mas Raul não se lembrava de um único dia em que a sua mãe não se tivesse arrependido de não se ter tornado freira, seguindo as ordens do seu coração.

Se o tivesse feito… Deixou-se ficar a refletir sobre a sua própria existência porque a gravidez impôs a Maria o mais malfadado dos casamentos. Ele tinha odiado o vale desde sempre, mas nunca como agora. Nunca mais voltaria. Sabia que o fim do seu pai alcoólico já era garantido, porque a decadência seria imparável sem os cuidados de Maria.

No entanto, tinha de ocupar-se se outra pessoa, do homem que tinha provocado aquele trágico final. Prometera, enquanto atirava o último punhado de terra para a campa da mãe, que faria o que fosse preciso para acabar com ele.

– Vou sentir muito a falta dela.

Raul levantou os olhos e viu Loretta, amiga desde sempre da mãe e que trabalhava no bar da família.

– Ao menos hoje, não armes nenhuma confusão, Raul.

Raul franziu o sobrolho face àquele pedido, até que percebeu a razão de ela estar preocupada. Ele estava a olhar para aquele homem ao longe, Bastiano Conti. Tinha dezassete anos, um ano menos do que ele, e as famílias dele eram inimigas. O tio de Bastiano era o dono das terras e vinhedos da parte Oeste do vale, e o pai de Raul era o rei do Este. A rivalidade vinha de há muitas gerações. Porém, os dois jovens tinham ignorado a quezília, tornando-se amigos. Fizeram a escola juntos e passavam as férias grandes do verão também juntos. Antes de se ir embora do vale, ele e Bastiano tinham estado a beber vinho dos vinhedos rivais, concordando que era um néctar maravilhoso.

Eram muito parecidos fisicamente, altos e morenos, e só eram diferentes na forma de ser. Bastiano, que ficou órfão, fora criado no seio de uma grande família e vivera uma vida muito confortável. Pelo contrário, Raul era sério e desconfiado e tinham-no ensinado a adaptar-se às circunstâncias. Não confiava em ninguém, mas dizia o que fosse preciso para levar a sua avante.

Embora tivessem um estilo diferente, as mulheres adoravam-nos a ambos. Bastiano seduzia, Raul limitava-se a devolver-lhes o favor. Não eram rivais, até porque havia muitas mulheres no vale para escolher. No entanto, Bastiano fizera uso do seu encanto sombrio com as mais fracas, tornando-se amante de Maria. Maria não fora apenas uma aventura, fora para a cama com um membro da família que Gino considerava inimiga. Quando o caso foi descoberto e Gino soube dos rumores, Loretta ligou a Maria para avisá-la de que ele estava a voltar furioso para casa. Maria fugira num carro que não sabia conduzir, o que não era nada prudente naquele vale. Ele sabia que o acidente não teria ocorrido se não fosse Bastiano.

– Raul…

Loretta falou baixinho, vendo como a tensão se apoderava dele, ouvindo a sua respiração entrecortada. Pegou-lhe numa mão, embora soubesse que nada o poderia deter naquele momento.

– És siciliano e isso quer dizer que tens a vida toda para te vingares, não tens de fazê-lo hoje.

– Não.

Raul estava a concordar ou a discordar? Todas as palavras lhe saíam mal, a sua voz estava rouca, as veias da mão pulsavam, as têmporas latejavam. Estava preparado para entrar em ação e só sabia que odiava Bastiano com toda a alma. Largou a mão de Loretta, avançou e afastou alguém que tentou detê-lo.

– Raul! – o padre chamou-o em tom de advertência. – Não aqui, nem agora.

– Então, ele que não tivesse vindo! – replicou Raul enquanto cruzava o cemitério.

Acelerou. Que Deus tivesse pena de Bastiano, porque o ódio e a fúria davam força aos passos de Raul.

Pezzo di merda…

Qualquer homem no seu perfeito juízo teria dado meia-volta e desaparecido, mas Bastiano dirigiu-se a Raul, retribuindo os insultos.

– A tua mãe é que quis…

Raul não o deixou acabar. Já o tinha desonrado o suficiente. Deu-lhe um murro certeiro. Sentiu um dente de Bastiano cravar-se nos nós dos seus dedos, mas foi a última coisa que sentiu. A dor, a raiva e a vergonha eram um coquetel explosivo. Estava capaz de matá-lo, mas Bastiano não estava disposto a facilitar-lhe as coisas. Ouviram-se gritos e o ruído das sirenes ao longe. Raul não sentiu nada quando o atiraram contra um túmulo. O granito rasgou-lhe o fato escuro e a camisa branca, ferindo-o nas costas, mas era-lhe indiferente. As suas costas já estavam mesmo cheias das cicatrizes criadas pelas tareias do seu pai e a adrenalina era um anestésico muito potente.

No entanto, Bastiano não se dava por vencido. Raul agarrou-o, deu-lhe outro murro na cara e estragou com prazer aquelas feições perfeitas. Depois, deitou-o ao chão e disse-lhe que deveria ter-se mantido afastado da sua mãe.

– Como tu fizeste!

Aquelas palavras doeram-lhe mais do que qualquer murro porque sabia que isso era exatamente o que tinha feito, mantivera-se afastado da sua mãe.