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UNIVERSIDAD PILOTO DE COLOMBIA

José María Cifuentes Páez - Presidente

Patricia Piedrahíta Castillo - Rectora

Andrés Lobo-Guerrero Campagnoli - Director General de Publicaciones

Rodrigo Lobo-Guerrero Sarmiento - Director de Publicaciones y Comunicación Gráfica

Mauricio Hernández Tascón - Director de Investigaciones

Diego Ramírez Bernal - Coordinador de Publicaciones

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LA INVESTIGACIÓN EN CIENCIAS SOCIALES: DISCUSIONES EPISTEMOLÓGICAS ©

Pablo Páramo Ph. D. - Compilador

eISBN: 978-958-8537-66-5

Primera Edición - 2013

Bogotá, Colombia

Ivonne Carolina Cardozo P.
Dpto. de publicaciones y comunicación gráfica de la UPC
Diseño de portada y Diagramación

Imagenes Citadas Página 255
Fotografía Portada

La obra literaria publicada expresa exclusivamente la opinión de sus respectivos autores, de manera que no representan el pensamiento de la Universidad Piloto de Colombia. Cada uno de los autores, suscribió con la Universidad una autorización o contrato de cesión de derechos y una carta de originalidad sobre su aporte, por tanto, los autores asumen la responsabilidad sobre el contenido de esta publicación.

 

La investigación en ciencias sociales : discusiones epistemológicas /

compilador Pablo Páramo.—Bogotá : Universidad Piloto de Colombia, 2013.

256p.

ISBN 9789588537665

1. Ciencias sociales-Investigación

2. Filosofía de las ciencias sociales

3. Investigación social.

I. Paramo Bernal, Pablo Fernando, comp.

CDD 300.72

  

Tabla de contenido

AUTORES

INTRODUCCIÓN

Las raíces epistemológicas de los principios éticos y la responsabilidad social en la investigación social. Pablo Páramo

¿Ciências sociais ou ciências morais? Uma questão de julgamento. Paulo Cesar da Costa Gomes

¿Ciencias sociales o ciencias morales? Una cuestión de juicio. Paulo Cesar da Costa Gomes

El racionalismo crítico de Popper: su influencia en las ciencias sociales. Serafín J. Mercado Doménech

La controversia entre la crítica falsacionista y la crítica dialéctica de la ciencia. Angelina Uzín Olleros

Las bases biológicas de la organización social y del conocimiento. Pablo Páramo

El conductismo tiene la palabra: precisiones filosóficas. Iván Felipe Medina A.

El análisis conductista del comportamiento social. Ricardo Pérez-Almonacid

Medición, experimento, ley: el silogismo cientificista. Alberto Marradi

La construcción social del conocimiento científico. Pablo Páramo

Del hallazgo de los hechos científicos a su construcción. Luz Adriana Rengifo Gallego

Epistemología cívica. Adriana Patricia Gallego Torres y Carlos Enrique Montenegro Marín

Lecturas y usos de Foucault. Alberto Martínez Boom

¿Existe una epistemología feminista?. Noelba Millán Cruz y Luz Ángela Prada Rojas

 

CIÊNCIAS SOCIAIS OU CIÊNCIAS MORAIS? UMA QUESTÃO DE JULGAMENTO

Paulo Cesar da Costa Gomes

Universidad Federal de Río de Janeiro

Em 2001, um filme documentário francês foi lançado em circuito comercial com o objetivo, segundo o realizador, de apresentar as ciências sociais ao grande publico1. O filme se desenvolve em torno do conhecido sociólogo Pierre Bourdieu, talvez o último representante dos assim chamados “grandes intelectuais” franceses que marcaram as diferentes disciplinas sociais durante o Século XX2.

Em 2001, um filme documentário francês foi lançado em circuito comercial com o objetivo, segundo o realizador, de apresentar as ciências sociais ao grande publico. O filme se desenvolve em torno do conhecido sociólogo Pierre Bourdieu, talvez o último representante dos assim chamados “grandes intelectuais” franceses que marcaram as diferentes disciplinas sociais durante o Século XX. Um aspecto marcante que pode ser facilmente observado durante o filme é a mensagem sobre a “correta” maneira de produzir um bom conhecimento da sociedade, ou seja, uma boa sociologia. De fato, expressões como “ser preciso”, “ser necessário”, “devem ser”, “ser obrigado a”, são abusivamente recorrentes no discurso referente aos estudos sociológicos citados ao longo de todo o filme. A narrativa do documentário transmite assim uma forte idéia de que haveria uma e, talvez, não mais do que uma boa maneira para o desenvolvimento das ciências sociais, que comporiam um conjunto de regras bem estabelecidas. Essas regras, se respeitadas, produziriam sempre um resultado legitimo e relevante.

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Segundo essa perspectiva, as ciências sociais parecem repousar sobre um modelo estável e normatizado, seguem um formato fundado em normas gerais e regulares. Trata-se, portanto de uma visão normativa. Essa visão é muito comumente veiculada nas instituições acadêmicas científicas e também fora delas e, nesse sentido, o filme documentário traduz com exatidão essa habitual compreensão das ciências.

O imperativo normativo dessa concepção comum não se esgota, no entanto, nos aspectos metodológicos, há também uma determinação sobre o desígnio final delas. Esse desígnio justifica a finalidade dessas ciências, ou seja, para que elas servem. O titulo do documentário não deixa dúvidas sobre a centralidade dessa afirmação - “A sociologia é um esporte de combate” – a frase foi, aliás, cunhada pelo próprio Bourdieu em uma entrevista. Ainda segundo Bourdieu, a “sociologia serve para se defender” e ele complementa que isso ocorre quando se produz uma sociologia rigorosa e não uma sociologia “de serviço” (banal e comprometida com o status quo).

É possível afirmar que essa concepção de uma finalidade última das ciências sociais, ou seja, para que elas servem, carrega um sentido moral muito forte. Moral uma vez que pretende responder, a partir de um julgamento de valor, como devem ser as ciências sociais, sua boa ou sua melhor forma de ser. Notemos que esse mesmo julgamento de valor se estende imediatamente à forma como essas ciências são produzidas, seus métodos, a maneira mais apropriada de trabalhar e de produzir um conhecimento legítimo e relevante.

Estamos aqui concebendo como moral o campo de discussão da filosofia que procura entender aquilo que procede do julgamento diferenciador entre o vício e a virtude. Em outras palavras, aquilo que deve ser, o melhor, a boa conduta, o bom caminho para o homem, para a sociedade.

Nada há de muito extraordinário na aproximação das ciências sociais com esse sentido moral. Sabemos que o campo de conhecimentos que hoje é reconhecido como correspondente a essas ciências teve também no passado a denominação, largamente difundida em diferentes ambientes intelectuais, de ciências morais.

Sob esse nome de ciências morais eram conhecidas todas as discussões que pretendiam compreender a forma e o comportamento do homem em sociedade, pelo menos nos Séculos XVII e XVIII na Inglaterra e na França. O termo ciências morais aparece, por exemplo, na obra do filosofo David Hume, Investigação sobre os princípios da Moral de 17513. Ele defende aí a idéia de que o homem tem comportamentos que são instintivos, a exemplo dos animais, mas também executam ações e atitudes que se associam à virtude ou ao vício e isso é próprio apenas ao homem e, dessa forma, trata-se de uma questão social. A utilidade última das ações deve ser um critério importante na delimitação dessa fronteira entre o virtuoso e o vicioso segundo ele. Isso quer dizer que as ações e os propósitos devem ser pensados dentro de um contexto no qual eles se inscrevem. Quer dizer também que conhecemos o resultado provável de determinadas atitudes, se elas são ou não capazes de gerar constrangimento ou reprimenda e, em conseqüência, há uma indicação de que conhecemos empiricamente os princípios da moral. De fato, Hume por meio desse raciocínio está se opondo aos argumentos cartesianos de que a moral, isto é, o comportamento justo, o “bom” social, poderia ser estabelecido completamente em termos abstratos e lógicos pelo uso exclusivo da razão. Hume defende assim a posição segundo a qual aquilo que é moral não se confunde com uma decisão puramente racional, há uma diferença fundamental entre o que é o justo e aquilo que costumamos chamar de mais lógico, mais racional, ou mais verdadeiro.

A partir desse raciocínio, David Hume chama a atenção para dois aspectos muito importantes. O primeiro é a relativa autonomia do julgamento moral em relação ao domínio da lógica ou da razão pura como um pouco mais tarde a denominaria Kant. O segundo aspecto deriva do primeiro e ele nos adverte que aquilo que é, que se apresenta, na forma como empiricamente o vivemos, não pode ser confrontado ao que deveria ser, ideal e abstrato, como se houvesse uma necessária derivação entre o fato observado e aquilo que virtuosamente deveria ocorrer. Não há assim, segundo ele, uma forma superior de julgamento, absoluta, natural, estritamente lógica e racional.

Uma ciência moral ou social seria, portanto, ainda segundo Hume, construída a partir do estudo sistemático da natureza humana tal qual ela se apresenta, ou seja, uma ciência que seria fundamentada na observação. Nesse sentido, as assim chamadas “ciências morais”, nossas atuais ciências sociais, não deveriam ter um compromisso moral, um julgamento de valor, anterior à observação ou fora da esfera daquilo que empiricamente se apresenta e segundo a maneira que tal coisa ou fenômeno se apresenta. A perspectiva de Hume se opõe frontalmente ao raciocínio dos “utópicos”, convencidos da superioridade de uma sociedade que pudesse se construir e se desenvolver segundo os estritos limites da razão e guiada em suas decisões pela lógica, raciocínio bastante em voga nessa época e que demonstrou ter grande força também na posteridade. Além disso, essa perspectiva de Hume se insurge da mesma maneira contra uma moral fundada nos preceitos religiosos que contrapõem um mundo sagrado, modelo absoluto que deveria inspirar ou guiar o mundo profano e servir como parâmetro exemplar.

Segundo Todorov, a primeira vez que surgiu na França a expressão “ciências humanas ou sociais” em lugar das tradicionais ciências morais e políticas foi na época da Revolução francesa e, ainda segundo ele, a principal figura nesse pioneirismo foi Condorcet e sua obra “Esquisse d’un tableau historique des progrès de l’esprit humain” de 17944. Não parece haver dúvidas de que a obra de Condorcet serviu como uma fundamental interlocução para aqueles que são mais comumente apontados como fundadores das ciências sociais, Saint Simon e Comte5. O problema posto por Condorcet era o de saber interpretar como as sociedades evoluem e nesse processo ele chega a identificar dez épocas que marcaram esse desenvolvimento até chegar à última na qual o progresso se impõe sem limites pela cultura das ciências, segundo ele.

A filosofia não tem assim nenhuma finalidade a nos ensinar, o conhecimento científico não possui limites precisos e nem direções previamente orientadas, como nas religiões6. O progresso é indefinido, mas garantido desde que mantenhamos uma cultura das ciências. Como sabemos essa fórmula, de uma organização que gera o progresso, teve grande sucesso, sobretudo com a notoriedade dada ao tema por Auguste Comte, figura central do positivismo, e se transformou mesmo em um projeto político exposto na bandeira brasileira: ordem e progresso.

A mudança na designação de ciências morais e políticas para ciências sociais ou humanas nessa época pode ser interpretada de maneira bastante positiva. Essa mudança seria um indício do abandono da dimensão prescritiva dessas ciências e a liberação dos estudos dos problemas da evolução das sociedades da tutela religiosa ou de um projeto moral construído abstratamente e definido a priori. Outra possibilidade de interpretação, no entanto, é que essa tutela e teleologia seriam agora construídas a partir de um novo instrumento de acesso, visto como mais legítimo, mais neutro e pragmático, mais verdadeiro: a ciência moderna.

As três questões que se colocavam nesse momento no ambiente intelectual europeu como as mais relevantes e que fundaram o campo disciplinar recoberto pelas nascentes ciências sociais podem ser sinteticamente apresentadas assim:

A primeira, de ordem da filosofia política, se interroga como deve ser a arquitetura social capaz de promover uma melhor organização e obter os melhores resultados em termos de progresso social (para usar o vocabulário da época). Essa questão se impõe com primazia pelo contexto do momento, com o aumento vertiginoso da população, uma acelerada urbanização e industrialização e, conseqüentemente, uma imensa mudança nos quadros da vida social (atividades, hierarquias, costumes etc.);

A segunda questão é de ordem moral. Como promover novos valores que evitem a degradação social e não reproduzam os antigos ideais aristocráticos ou que não se voltem nostalgicamente para um modelo de vida campesina e tradicional? Claro que essa questão tem relação com a massa de população que, retirada de seus quadros de vida habitual, começa a se constituir em um verdadeiro perigo pela desorganização dos vínculos sociais, mas também pelos movimentos inesperados que pode tomar. O exemplo da Revolução Francesa deixou uma forte sensação de total perda de controle uma vez que mesmo seus mais exaltados defensores foram em algum momento desacreditados, senão condenados por novas e instáveis lideranças;

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A terceira questão corresponde a uma ordem mais cientifica pois se interessa pelas leis gerais que porventura regem a evolução das sociedades. A pergunta então se reveste de uma dimensão epistemológica – como e a partir de que caminhos e procedimentos é possível construir um conhecimento fiável sobre o desenvolvimento das sociedades? A resposta esta no método da própria ciência, ou seja, a questão se traduz também pela interrogação sobre qual o melhor método cientifico para estudar as sociedades. Na época, essa resposta pretende também suprir a necessidade e a suposição de que é possível prever o progresso das sociedades com a condição de que as leis gerais de seu desenvolvimento tenham sido corretamente estabelecidas. Isso tem duas importantes e diretas conseqüências. A primeira é a necessária previsão que estaria ao alcance das ciências sociais que se aproximariam assim do modelo das ciências naturais, sobretudo da física newtoniana, exemplo absoluto na época da construção de um conhecimento rigoroso e verdadeiro. Em segundo lugar, quer dizer também que se podemos prever, podemos modificar, intervir, controlar. As ciências sociais são então vistas como instrumentos de intervenção para produzir um melhor resultado e conduzir a Humanidade para a via do progresso.

Essas três questões estão presentes, de uma forma ou de outra, no discurso de todos aqueles que pretenderam trazer algum tipo de contribuição ou análise das dinâmicas sociais a partir do século XIX. Interessante é perceber que muito comumente havia um tratamento analítico pelo qual os três aspectos eram tomados em um mesmo conjunto, ou seja, a dimensão política, a moral e a cientifica. Muitos pensadores associaram, portanto, projetos de reforma social com novos desenhos da organização física e política, justificando-os pelos instrumentos científicos que supostamente utilizavam. Podemos dizer que essa foi a tônica no século XIX e em grande parte do XX no tratamento dessas questões.

Propostas e projetos: a virtude e os virtuosos

Logo depois da Revolução Francesa, por exemplo, um grupo de pensadores e políticos reunidos em torno de uma confraria conhecida como os ideólogos, tinham essa pretensão7. Eles criaram a primeira cátedra de ciências morais e políticas no Institut de France com o cunho de estabelecer as bases cientificas para a ação e a transformação social. Alguns desses membros eram homens políticos com cargo nas instituições oficiais ou intelectuais influentes. Similarmente, um pouco depois, já no primeiro quarto do século XIX, Saint Simon reuniu em torno dele um grupo de pessoas mais ou menos com a mesma finalidade, transformar a sociedade com base nos novos preceitos científicos. Para ele a industrialização e a urbanização estavam impondo transformações perigosas para as quais somente uma nova doutrina, fundada no conhecimento das leis sociais seria capaz de conter os efeitos perversos. Um dos secretários de Saint-Simon foi Auguste Comte. Hoje ele é considerado um dos pioneiros a ter estabelecido as bases da sociologia moderna. Logo depois da morte de Saint- Simon, Comte começou a ministrar cursos particulares sobre a “Sociologia positiva” que tiveram uma imensa audiência. De fato, não se tratava somente de um curso de sociologia. Comte, como seu antigo mestre, queria fundar uma verdadeira doutrina que deveria ser aplicada ao conjunto dos conhecimentos. Em sua classificação das ciências de acordo com essa nova doutrina positivista, a sociologia ocupava o mais alto nível. Isso se justificava para ele pois a sociologia era a ciência na qual havia a menor possibilidade de previsão, mas era aquela que permitiria a maior possibilidade de intervenção. Então, ao contrário das ciências naturais, como a astronomia, por exemplo, que permite que calculemos precisamente a posição que determinados astros assumirão, as ciências sociais não permitem que tenhamos essa mesma precisão. Porém, não nos é possível intervir em nada na trajetória dos astros dos quais conhecemos tão bem suas leis do movimento, enquanto a sociologia, que possui leis menos precisas, permite que a partir desse conhecimento tenhamos, segundo ele, um poder de mudar o curso dos acontecimentos8.

O positivismo de Comte se transformou na doutrina dominante da ciência. Três características dessa doutrina nos interessam mais de perto aqui. A primeira é a idéia de que há um único método para se trabalhar cientificamente. Esse método é constituído por procedimentos padrões e de etapas que se seguem rigorosamente em uma ordem. A unidade metodológica é aquilo que distingue a ciência do saber comum. A segunda característica é que o saber científico procura estabelecer leis gerais pelas quais é possível antecipar resultados e, por isso, é um saber do tipo preditivo. A terceira é que o conhecimento cientifico deve servir para intervir no mundo com vistas a promover a harmonia e o progresso da humanidade. Se voltarmos ao começo da argumentação apresentada, veremos que essas três características se ajustam perfeitamente à natureza das questões que se colocavam nessa época. Por isso o positivismo foi, e talvez ainda seja, uma doutrina tão fortemente reproduzida como a identidade geral da ciência. Segundo Dumas, o positivismo é um conjunto, composto de filosofia, política e moral sob uma forma de religião9.

As mesmas características citadas acima podem ser aplicadas plenamente ao marxismo, que pretendia, no entanto, se opor diametralmente ao positivismo. O modelo de ciência social fundado nos princípios marxistas repousa sobre a idéia de uma doutrina que é científica, por isso teria grande precisão e poderia então ser preditiva. Isso se justificaria metodologicamente pelo emprego daquela que seria a única forma legítima de abordar os fenômenos sociais, o método do materialismo-histórico e dialético. O marxismo estabelece também uma forma de agir no mundo para transformá-lo. Há da mesma maneira uma promessa de progresso social que prevê o fim da luta de classes e da oposição entre capital e trabalho. Enfim, tal qual nas outras doutrinas da época, há uma promessa de harmonia e felicidade ao final.

Assim como no positivismo, o marxismo responde plenamente às três questões colocadas pelo momento histórico: quais são as leis que regem a evolução das sociedades; como deve ser organizada a sociedade para a promoção do progresso social; e que valores morais são adequados para essa nova sociedade. Os modelos de ciências sociais fundados tanto no positivismo quanto no marxismo propõem uma ciência que é simultaneamente um instrumento de reconhecimento da sociedade e um instrumento eficiente para promover a transformação ou reforma social. Essas duas doutrinas tiveram grande longevidade, mas é certo também perceber que as outras abordagens teórico-metodológicas nas ciências sociais surgidas no século XIX, em sua maior parte, reproduzem esse mesmo esquema, unindo o que seria o bom conhecimento cientifico e as melhores ações para a reforma social.

A organização dos arquivos, a tabulação de novos dados estatísticos, o melhor conhecimento das formas de organização social, tudo isso parece que só ganha sentido quando está submetido a um projeto moral de reforma. Isso é claro em Auguste Comte e em Karl Marx, mas também já havia se apresentado assim sem disfarces nas proposições de Jeremy Bentham na Inglaterra10. Um pouco mais tarde, na França, essa foi a justificativa que Le Play apresentava como fundamento de seu projeto de criar uma sociologia que escrevesse monografias sociais11. Poucos anos depois o mesmo argumento aparecia na sociologia concebida como ciência da moral para Durkheim em sua militância pelo solidarismo – “é moral tudo aquilo que é fonte de solidariedade”12. Não deve também nos escapar que esses pensadores construíram em torno deles e de suas idéias grupos de intelectuais “de combate” que criaram instituições, periódicos e cursos e que, comumente, também tinham militância política fundada nessas idéias.

Como disse em 1839 Pierre Leroux, aparentemente o inventor da palavra socialismo, a “humanidade sem religião é o nada, é a morte”13. O declínio da fé nas religiões que tradicionalmente estabeleciam o código moral nessas sociedades e o declínio também do poder institucional e temporal das Igrejas são dados inquestionáveis do quadro de elementos estruturantes do século XIX. Ao que parece, esse vazio deixado pelas tradicionais religiões foi fortemente disputado por diversas correntes de pensamento que, ainda que fizessem apelo à ciência, à racionalidade, tendiam a se apresentar como substitutivos aos valores morais cristãos, renovando simultaneamente as promessas de um devir melhor e mais próspero. A inspiração desses reformistas sociais no modelo das religiões se estende também à forma como eles estruturavam a doutrina, através de afirmações aparentemente inquestionáveis, que se encadeiam sem possibilidade de intervenção no fluxo do raciocínio e, sobretudo, no tipo de adesão que almejavam: militante e absoluta.

Muito comum foi a associação dessas propostas de reforma moral a planos físicos de transformação do espaço. Haveria uma relação necessária entre a reforma moral e a reforma física por isso uma sociedade melhor demandaria um determinado arranjo físico, uma espacialidade específica para que surgisse a nova sociedade esperada. Tudo se passa como se o conhecimento das regras sociais nos fosse inteiramente acessível e o último passo a ser dado na implantação dessa nova sociedade dependesse apenas da liberação da vontade e da coragem. Assim, uma nova arquitetura social factível deve se associar a uma nova arquitetura espacial. Os planos físicos são, às vezes tão detalhados que exprimem de forma enfática a certeza dos resultados que os inspiravam. Um mundo social melhor significava também um mundo fisicamente melhor, construído com novos valores morais e, sobretudo, um espaço próprio para que esses novos valores pudessem ser vividos com plenitude – igualdade, solidariedade, higiene etc. Esse tipo de proposição foi uma verdadeira febre no Século XIX e no começo do Século XX.

Um dos mais clássicos projetos de mudança foi o de Charles Fourrier e seus falanstérios que redesenhariam a estrutura social, construíndo comunidades que valorizariam os elos afetivos espontâneos que surgem entre as pessoas. Bem próximo de Fourrier, Robert Owen, também concebia falanstérios comunitários onde a atividade econômica semi-agrícola geraria autonomia suficiente e permitiria o florescimento de uma nova ordem moral, sua mais conhecida obra tem, aliás, como título – Livro do mundo da nova moral, de 1847. Já para Proudhon, uma sociedade inteiramente nova seria fundada pela abolição da propriedade privada, característica que para ele seria o principal motor dos conflitos sociais. Apesar do aspecto radical de sua proposta, Proudhon foi comumente visto e acusado de ser um moralista tradicional pois queria manter algumas estruturas sociais clássicas como a família e o casamento.

De fato, havia uma intensa e violenta competição em torno daquele que teria a melhor idéia para a formação de uma nova sociedade, segundo uma nova estrutura, um novo espaço e novos valores morais. Por isso, os projetos de reforma urbana eram sempre na verdade projetos de reforma social.

O higienismo erigido em política pública foi, por exemplo, o grande inspirador de inúmeras cirurgias urbanas. A idéia de que a cidade é um organismo, de que há leis essenciais e vitais na organização sócio-espacial que não podem ser contrariadas sob pena de levar à doença social e à morte, foram largamente utilizadas e não somente como uma metáfora. A circulação do ar, das águas e a mobilidade das pessoas eram associadas às substancias, se deslocando pelo sistema venoso das cidades. As atividades como lazer, comércio, serviços etc. eram concebidas como funções, deviam ser reagrupadas como em órgãos de um corpo. A degradação social e moral eram vistas como o resultado da mistura, da desordem, do desequilíbrio dessas funções. A sociedade estava doente e a finalidade das ciências sociais era providenciar o remédio pelo qual se produziria um estado saudável e ao abrigo dessas ameaças de deterioração e patologia. Como foi antes dito, as ciências sociais acreditavam ter o método, conhecer as leis, saber como intervir e tinham tal convicção em suas certezas que só restava mesmo o combate para implantar as necessárias mudanças. Já nessa época as ciências sociais podiam pretender ser um “esporte de combate” como disse Bourdieu.

Certamente, nem todos estavam de acordo sobre os caminhos. Havia aqueles, por exemplo, que acreditavam que a melhor mudança de valores e o melhor dos mundos sociais poderia ser aquele saído da inspiração do passado. A sociedade teria se degradado pelo progresso, pela urbanização, pelo industrialismo, que trouxeram a transgressão das normas tradicionais, dos hábitos ancestrais. As grandes cidades trouxeram desordem e estranheza quando estabeleceram o anonimato e a distancia existencial, desenvolveram um individualismo julgado como desmesurado por eles.

Muitos autores, como Ruskin ou Violet Le Duc tinham o passado como um modelo e concebiam assim que a melhor resposta aos desafios que se apresentavam poderia ser dada pelo resgate das formas e dos valores passados. Os projetos de cidade de William Morris e, em certa medida, de Camilo Sitte correspondem a essa idéia de reinvenção do passado para produzir um espaço no qual a sociedade poderia evoluir, retomando um momento, quase sempre a Idade Média romantizada, quando teria se produzido uma ruptura do homem com a harmonia e a felicidade. A nostalgia também foi assim fonte de inspiração e promessa de um mundo melhor.

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Ebenezer Howard, fortemente influenciado pelas narrativas de experiências comunitárias na Inglaterra concebeu um modelo no qual haveria um equilíbrio entre os espaços rurais e urbanos e entre os antigos valores, ligados à ruralidade, e os novos, advindos das mudanças trazidas pela urbanização. Em seu livro “Amanhã: uma via pacífica para a reforma social” de 1898, ele apresenta o modelo das cidades-jardins, administradas pela própria comunidade segundo uma estrita administração de uma espécie de conselho dos habitantes. Como o título de sua obra indica, essa seria um caminho não revolucionário que faria evoluir a sociedade para um novo quadro de prosperidade e harmonia.

As idéias de harmonia, de equilíbrio, de felicidade são muito comuns nesses discursos. Funcionam como uma finalidade mais ou menos óbvia, que às vezes nem precisa ser explícita, mas que legitima todas essas propostas de fundar novos quadros espaciais para o surgimento de uma nova e bem-aventurada sociedade.

Ainda que esses sejam traços marcantes das ciências sociais e do urbanismo do século XIX, essas tendências se mantiveram em grande parte ativas durante o século XX. Assim, encontramos facilmente ecos dessas perspectivas nas propostas do Museu Social, instituição inspirada na sociologia de Le Play, tendo desenvolvido ideais de cooperativismo e mutualismo. Ela sempre foi também fortemente comprometida com as idéias do urbanismo tendo sido inclusive a responsável pela introdução do conceito de cidade-jardim na França. Entre os urbanistas que tiveram forte influência dessa instituição está Alfred Agache, responsável por um plano para a cidade do Rio de Janeiro e de Curitiba. Esse último plano foi posteriormente modificado e implantado nos anos 1970, ganhou notoriedade e serviu como inspirador de outras intervenções, algumas até muito recentes, como o sistema de transportes conhecido como Transmilênio em Bogotá, inspirado em parte no sistema viário previsto pelo plano urbanístico de Curitiba.

O problema do abandono das dúvidas

Em resumo, as ciências sociais no decorrer de um longo período trabalharam muitas vezes como uma arma de combate. Partia-se de certezas e não de dúvidas. A persistência dos problemas sociais não era vista pela maior parte dos estudiosos da sociedade como a tradução de possíveis lacunas no conhecimento, eram problemas a serem resolvidos pela ação social. Isso explica em grande parte o fortíssimo apreço pela denúncia, pela indignação, pela militância. As ciências sociais tornaram-se um refúgio de todas as utopias, com sua plêiade de promessas de felicidade e justiça total. Alguns cientistas sociais funcionavam como servidores ou sacerdotes dessas certezas, se viam movidos pela pureza de intenções, bondade, solidariedade e em nome desses valores, denunciavam, perseguiam, ou, mais uma vez como foi dito antes, combatiam.

Foi dentro desse clima que se perdeu a curiosidade epistemológica, uma vez que não há verdadeiras questões, há apenas combates e para combater é preciso ter certeza de que lado estamos. Não existe possibilidade para a ambigüidade, para a dúvida, para a variedade. Todos os fenômenos têm uma explicação centralizada naqueles elementos que são vistos como os núcleos explicativos. A complexidade da vida social deve se reduzir para caber nessas explicações totais.

No final do século XX começam a aparecer reações mais sistemáticas e generalizadas a essa forma de conceber as ciências sociais e seu papel. Uma das primeiras foi a iniciativa de Lyotard que deu o nome de “grandes narrativas” a esses sistemas totais de explicação14. Contra isso propunha uma variedade maior de possibilidades de compreensão dos problemas sociais. Para ele também, as grandes narrativas faziam parte de um período, a Modernidade, que tinha uma absoluta crença no poder da racionalidade. Por isso, o fim das metas-narrativas significaria talvez a porta de entrada de um novo período, o da Pós- Modernidade.

Um novo problema surgiu, no entanto, dessa critica à Modernidade nas ciências sociais. Para um grande número de autores o núcleo do equívoco das ciências sociais modernas teria sido a adoção de padrões metodológicos derivados das ciências físicas e naturais. A crítica se dirige então aos aspectos metodológicos e não ao moralismo do julgamento que essas ciências tinham se acostumado a desenvolver. A rejeição ao modelo normativo e prescritivo pelo qual as ciências sociais teriam majoritariamente optado até então tomou todo o espaço crítico, como se o problema estivesse restrito aos procedimentos e ao respeito à racionalidade.

Esse modelo, alvo dos críticos, é também conhecido como um modelo nomotético. O modelo propõe que o conhecimento deve buscar sempre a generalização, as leis globais que regem os fenômenos, regulares e necessariamente. Há uma primazia absoluta do método lógico racional. Por meio de seu uso acredita-se que haverá um padrão de objetividade e um julgamento cientifico justo e legítimo. O método funciona como uma caução da relação entre o pensamento e a realidade. Explicar significa associar fenômenos de forma necessária e determinada, significa também estabelecer o padrão de comportamento e o movimento previsível daquilo que se pretende explicar. Por isso, há uma forte valorização dos aspectos que são regulares e eles oferecem a possibilidade de anunciar os futuros resultados. O problema que persiste e é independente do método é a associação dos resultados sempre a um panorama escatológico, procurando uma finalidade global, um grande sistema explicativo. Mais do que isso, o problema maior consiste em construir a priori um julgamento de valor e partir para uma observação que é totalmente comprometida com esse um juízo. Esse é um bom procedimento para criar doutrinas, religiões, mas não é um procedimento propriamente epistemológico, que amplia o conhecimento e se alimenta da curiosidade e da aceitação de nossa primária ignorância.

É preciso dizer que nem todas as ciências sociais mantinham as mesmas perspectivas e as mesmas agendas. A história, a geografia e a antropologia, por exemplo, seguiram, em geral, caminhos um pouco diversos dessa corrente sociológica dominante. A geografia, por exemplo, herdeira dos relatos de viagem e das cosmografias renascentistas, manteve um forte compromisso com o inventário e a descrição do mundo. Descrição significa aqui observação e tentativa de organização das informações em sistemas lógicos que de fato são propostas de explicação, (ou de compreensão, como queiram). Na história também se guardou sempre um apreço pela informação precisa e pelas explicações setoriais. Os grandes painéis explicativos que procuram um sentido global para o movimento social na história sempre foram objeto de muitas críticas e hesitações. Como disse o reconhecido historiador Marc Bloch, “quando o pensador observou e explicou, sua tarefa acabou” e completou: “o satânico inimigo da verdadeira historia é a mania do julgamento”15. Similarmente, na antropologia, com exceção da tradição conhecida como antropologia física, houve desde os primórdios da disciplina pela adoção precoce das etnografias, uma preocupação de construir a discussão a partir da observação empírica, a pergunta nesse caso é: como se apresenta tal aspecto na sociedade, como entendê-lo, que relações são possíveis de serem estabelecidas?

Foi incorporando esses preceitos que o planejamento urbano começou a se modificar, sendo menos uma proposta de reforma social global, perfeitamente modelada pela vontade e crenças dos proponentes. Desde os anos 70 do século passado veio se desenvolvendo a idéia da necessária participação ou da interação desses planos com a população concernida. Isso significa que houve a aceitação de uma abertura cada vez maior para a observação, para aprender com a aplicação. Disso surgiu também uma verdadeira preocupação em deixar o uso agir sobre os espaços, o que gera propostas muito mais abertas e flexíveis.

Existe também um ambiente intelectual nos últimos tempos mais aberto à consideração daquilo que é particular ou contingente. As ciências sociais mais próximas de uma abordagem hermenêutica ou compreensiva têm hoje talvez mais espaço de legitimidade do que tiveram no passado quando eram vistas com desconfiança e como contrárias ao espírito científico. Em lugar de explicar a partir da construção de um sistema inteiramente construído sobre proposições a priori, um sistema abstrato e esquemático, fundado em uma grade de valores pré-estabelecidos, as ciências sociais hoje se voltam cada vez mais para a esfera dos significados, dos discursos e de seus diferenciados contextos, aceitam e incorporam assim cada vez mais a complexidade dos fenômenos sociais.

Para concluir, é preciso talvez agora fazer apelo a um esforço de relativização e lembrar que essa exposição das ciências sociais apresentada aqui foi bastante orientada segundo um determinado ponto de vista. Toda apresentação que propõe uma visão mais global de um problema comete inevitavelmente o pecado e a injustiça de obscurecer outras possibilidades de relatos que levariam em consideração eventos, personagens e elementos que, por não colaborarem no sentido global procurado, são esquecidos ou relegados à parte. Essa apresentação não foge a essa regra. Queríamos sublinhar determinadas características e, por isso, carregamos nas tintas que as faziam mais vistosas e presentes. O conteúdo moral que de fato acompanha grande parte do desenvolvimento das ciências sociais não é, no entanto, a única característica essencial dessas ciências. Em nenhum momento pretendemos afirmar essa exclusividade. Queríamos tão somente valorizar a centralidade e a influência que esse teor moral teve e acreditamos que, embora ele seja tão central, poucas vezes esse conteúdo é tratado com clareza e honestidade.

Além de estarmos conscientes de que as ciências sociais não se definem exclusivamente pelo conteúdo moral e escatológico que muitas vezes as acompanharam, sabemos também que nesse painel que traçamos não figuram inúmeros autores e correntes que fugiam ou contrariavam o sentido demonstrativo desse esforço de apresentação. Que os leitores compreendam, no entanto, que a intenção modesta desse texto foi a de apenas aventar um aspecto preciso, uma espécie de “ponto cego”, e perdoem-nos pelas inúmeras omissões necessárias para levar a cabo essa demonstração.

1. La sociologie est un sport de combat, (A Sociologia é um esporte de combate), filme de Pierre Carles, França, 2001.

2. Período que foi chamado por Winock como “O século dos intelectuais” que teria começado com o engajamento de escritores e personagens da academia em torno do caso “Dreyfus” a partir de 1898 quando Émile Zola escreve um artigo no jornal (J’accuse) que ganha imensa repercussão. Winock, Michel. Le siècle des intelectuels. Seuil, Paris, 1997.

3. Hume, David. An Enquiry concerning the principles of Morals. [1751] Oxford University Press, Oxford, 1998. Ver também: Patterson, Charles H. Cliffs Notes on Concerning the Principles of Morals. 10 Feb 2013 < http://www.cliffsnotes.com/study_guide/literature/id-58.html>.

4. Todorov, Tzvetan. Les morales de l’histoire. Grasset, Paris, 1991.

5. Badinter, Elisabeth e Robert (1988) Condorcet: un intellectuel en politique. Fayard, Paris.

6. Bhéhier, E. Histoire de la philosophie. Tomo II, PUF, Paris, p.446.

7. Ver Gusdorf, Georges. La conscience révolutionnaire: Les Idéologues. Les sciences sociales et la pensée occidentale, Payot, Paris, 1978.

8. Comte, Auguste. Oeuvres. Cours de philosophie positive. [1830-1842], Collection Hermann, Paris, 2012.

9. Dumas, Jean-Louis. Histoire de la pensée. Tomo III, Tallandier, Paris, 1990, p. 47.

10. Bentham, Jeremy. An introduction to the principles of morals and legislation. [1823] Great books in philosophy, 2002. É interessante perceber que Bentham foi o criador da palavra “deontologia” que significa a ciência do dever ou da obrigação.

11. Sua principal obra foi o livro “A reforma social da França, deduzida da observação comparada dos povos europeus”, publicado em 1864.

12. Durkheim, Emile (1893), De la division du travail social, Paris, PUF, p. 105. O comprometimento de uma moral no âmago da sociologia proposta por Durkheim foi muito bem comentado por Aron, Raymond. Les étapes de la pensée sociologique, Gallimard, Paris, 1967. Ver também a esse respeito: Muchielli, Laurent. La découverte du social: naissance de la sociologie en France, La découverte, Paris, 1998, p.213.

13. Dumas, Jean-Louis. Histoire de la pensée. Tomo III, Tallandier, Paris, 1990, p. 50.

14. Lyotard, Jean-François. La condition postmoderne. Rapport sur le savoir. Ed. Minuit, Paris, 1979.

15. Bloch, Marc. A apologia da história ou o ofício do historiador. Zahar, Rio de Janeiro, 2002, p. 125

 

¿CIENCIAS SOCIALES O CIENCIAS MORALES? UNA CUESTIÓN DE JUICIO

Paulo Cesar da Costa Gomes

Universidad Federal de Río de Janeiro
Traducción: Mercedes Castillo